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16 OUT 2020

Em sua 10ª edição, workshop sobre metodologia de pesquisa do NIC.br debate o impacto da Inteligência Artificial na produção de dados




Realizado pela primeira vez integralmente on-line, o evento contou com 19 palestrantes de diferentes áreas e teve média diária de 231 espectadores, de 25 países 

Como a Inteligência Artificial pode contribuir com a produção de dados estatísticos e quais serão seus impactos na área? Esses questionamentos foram o fio condutor da 10ª Edição da Semana NIC.br de Metodologia de Pesquisa, realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O workshop, coorganizado pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reuniu representantes do setor privado, da academia, do governo e da sociedade civil. Ao todo, foram 19 palestrantes — sendo seis keynote speakers —, que fizeram reflexões sobre a produção de dados e compartilharam experiências ligadas ao tema.

Com transmissão em inglês e português, a série de webinários foi realizada entre 5 e 9 de outubro e contou com uma média diária de 231 espectadores, de 25 países. Em razão da pandemia COVID-19, o workshop aconteceu pela primeira vez integralmente on-line.

As boas-vindas aos participantes ficaram por conta do diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, e da diretora da ENCE, professora Maysa Magalhães. Já a moderação foi feita por Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, e Tatiana Jereissati, coordenadora de Estudos Setoriais e Métodos Qualitativos do Cetic.br.

A representante da UNESCO, Sasha Rubel, especialista em inovação e transformação digital do setor de informação e comunicação, abriu a sequência de palestras trazendo uma abordagem ética e humanista da Inteligência Artificial e apontando para a correlação entre essa tecnologia e a democracia.

"A partir da perspectiva da UNESCO, democracia não é somente votar nos seus líderes, mas é, também, exercitar a cidadania cotidianamente. Não é apenas ter diferentes vozes na discussão, mas também garantir que todos compreendam o assunto que está sendo discutido. Não é só treinar centenas ou milhares de pessoas para serem programadores e engenheiros, mas também formar filósofos que discutam as dimensões éticas da Inteligência Artificial; capacitar juízes, para que trabalhem de forma crítica e compreendam o desenvolvimento das soluções baseadas em IA no Judiciário”.

Sasha mencionou, também, o trabalho da UNESCO com diferentes stakeholders, de várias regiões do mundo, para desenhar recomendações que afetem todo o ciclo de vida da Inteligência Artificial, guiando-a para um caminho marcado por questões envolvendo respeito, proteção e promoção da dignidade e dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Ressaltou, ainda, que esse engajamento de múltiplas vozes, aliado ao diálogo, é a melhor forma de desenvolver, sustentar e implementar recomendações sobre IA baseadas em valores éticos e humanistas.

Ela complementou lembrando que é preciso investir em capacitação para garantir que, além de conhecimento técnico, especialistas aprendam sobre aspectos éticos, filosóficos e de direitos humanos, e que é importante também ter equipes multidisciplinares desenvolvendo soluções baseadas em IA.

Outro keynote speaker, Alan Smith, responsável pela área de dados de jornalismo visual do Financial Times, do Reino Unido, compartilhou o trabalho de visualização de dados que vem desenvolvendo no veículo de comunicação voltado a capacitar o público leitor a superar barreiras comuns como a dificuldade de ler, interpretar e entender dados.

“Estamos ajudando nossos leitores a superar barreira quanto à alfabetização digital. Essa é a nossa missão”. Ele explica que o jornalismo de dados tem sido muito relevante para engajar o público durante a pandemia. Segundo ele, um hub reunindo informações coletadas de diferentes fontes foi criado para que os cidadãos pudessem compreender melhor a crise sanitária do COVID-19, especialmente, por meio de infográficos.

Já a professora Frauke Kreuter, diretora do Programa Conjunto em Metodologia de Pesquisa da Universidade de Maryland (EUA) e professora de Estatística e Ciência de Dados na Ludwig-Maximilians University of Munich, falou sobre novas estratégias e alternativas para a coleta de dados para a produção de estatísticas no contexto da COVID-19.

Ela destacou que agências governamentais já vêm refletindo sobre a coleta de dados de uma maneira diferente, e sobre como buscar fontes alternativas para produção desses dados. Por fim, Frauke comentou sobre esses esforços e apresentou exemplos de pesquisa que já se utilizam dessa nova lógica, tanto aqueles voltados para o mercado quanto os relacionados à coleta de dados no contexto pandêmico.

Além das palestras proferidas pelos keynote speakers, foram apresentados também 12 casos práticas dentro das diversas temáticas abordados ao longo da semana. Todas as sessões estão disponíveis no canal do YouTube do NIC.br: https://www.youtube.com/playlist?list=PLQq8-9yVHyOapv7KiYpw_hMHdZPWDMaYE.

Semana NIC.br de Metodologia de Pesquisa        
Com o objetivo de criar oportunidades de discussão e capacitação em metodologia de pesquisa, a Semana NIC.br de Metodologia de Pesquisa chegou à sua décima edição em 2020. O encontro tem como objetivo promover a capacitação em abordagens quantitativas e qualitativas utilizadas para a produção e uso de estatísticas relacionadas às Tecnologias a Informação e Comunicação (TIC), destacando a importância de métodos sólidos e rigorosos de coleta e uso de dados entre a comunidade produtora e usuária de dados.

Entre os temas que já foram apresentados no encontro estão a agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável; Cidades inteligentes e economia digital; Ciência de dados, Big Data e inteligência artificial, técnicas de amostragem, desenho e testes de questionários, entre outros.

"Este workshop tem sido um espaço fundamental de debate e troca de experiências entre pesquisadores, gestores públicos e representantes da sociedade civil e de organismos internacionais. Esperamos em 2021 estarmos juntos novamente para mais uma edição do encontro, desta vez presencial", reforça Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.