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24 SET 2015

Associação de ccTLD lusófonos é uma oportunidade para a economia


OJE Digital - 23/09/2015 - [gif]


Autor: Mafalda Simões Monteiro
Assunto: Gestão de Domínios

A Associação de Registries de Língua Portuguesa (LusNIC) foi formalmente constituída esta quarta-feira, vésperas do Dia Europeu das Línguas.

A nova associação das entidades responsáveis pela gestão dos domínios de topo de língua portuguesa irá contribuir para que o universo da língua portuguesa na Internet se torne “mais forte tecnicamente e em matéria de segurança, contribuindo para o crescimento económico” dos países em causa, assinala Luísa Gueifão, presidente da DNS.pt.

Os responsáveis pela gestão dos domínios de topo de língua portuguesa criaram uma associação de direito privado que tem como objeto a cooperação institucional multilateral entre os registries lusófonos no âmbito das suas áreas de intervenção.

No futuro a associação deverá abranger os gestores dos country code Top Level Domains (ccTLD) de todos os países de Língua Oficial Portuguesa. Na cerimónia de assinatura do protocolo formal estiveram presentes os representantes dos registries do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Portugal e de São Tomé (.br, .cv, .gw, .pt e .st).

Questões de logística ou de agenda impediram a presença dos representantes de Angola (.ao) e Timor (.tl), que irão “assinar o documento na primeira oportunidade”, garantiu Luísa Gueifão ao OJE Digital. “Angola assina já na próxima semana e Timor, apesar de não ter assinado ainda, está representado na associação no Conselho Fiscal”. Apenas Moçambique, ainda não manifestou a intenção de se juntar a este grupo.

Luísa Gueifão recorda que a associação estava idealizada há anos, mas que apenas este ano se reuniram as condições para avançar, como já tinha anunciado, em maio, durante o debate Net Neutrality, IANA Transition, ICANN Acountability.

Maior poder negocial

“Estima-se que existam 280 milhões de falantes da língua portuguesa em todo o mundo. O português é a quinta língua mais utilizada na Internet e a terceira nas redes sociais (Facebook e Twitter), sendo a língua mais falada no hemisfério sul do Planeta”, enquadrou Luísa Gueifão. O total de falantes inclui, para além dos habitantes dos países de língua oficial portuguesa, cerca de 32 milhões de falantes fora dos países de origem.

Com o peso significativo que o português tem, “fazia sentido criar uma organização como esta, à semelhança do que já existe para outros grupos internacionais com interesses comuns”, acrescentou. É o caso do CENTR, uma organização europeia, da qual o .pt é membro, que agrega 52 dos registries da Europa; das organizações Latin American and Caribbean Association of ccTLDs (LACTLD), Asia Pacific Top Level Domain Name Association (APTLD) e African Top Level Domain Association (AfTLD), com cariz regional, onde a cooperação e desenvolvimento de um objetivo comum é já prosseguido num pressuposto de localização geográfica comum. No caso da LusNIC o denominador comum é a língua.

A nova associação surge de um desafio lançado pela portuguesa DNS.pt às restantes organizações. O protocolo foi firmado quarta-feira durante o e-Show Portugal, evento anual que reúne os stakeholders da Economia Digital, durante dois dias, no âmbito da Portugal Internet Week’15, uma iniciativa da ACEPI – Associação da Economia Digital.

De acordo com a DNS.pt existem cerca de 260 os domínios de topo de Internet assentes em critérios geográficos (ccTLD) (por exemplo .pt para Portugal).

A responsável estima que, sob os ccTLD de língua portuguesa, existam cerca de três milhões de domínios de topo registados. O .pt conta com 750 mil domínios e o .br com mais de dois milhões. Os restantes domínios de topo lusófonos estão ainda em fases mais embrionárias, representando, no conjunto, cerca de 250 mil domínios.

Com a constituição da associação, os registrers lusófonos conquistam maior peso nas negociações internacionais e junto dos organismos internacionais como o Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) ou do The Internet Governance Forum (IGF), em matéria de governança, neutralidade, entre outras. “Vamos ter mais força e promover o desenvolvimento de sites em língua portuguesa”, acrescenta.

A cooperação técnica é outro aspeto salientado pela presidente da DNS.pt: os países mais atrasados poderão beneficiar da experiência, das competências e dos conhecimentos técnicos das entidades mais avançadas (DNS.pt e NIC.br, do Brasil).

Princípios gerais da LusNIC:

– Cooperar e partilhar conhecimento nas áreas de intervenção dos ccTLD em matérias técnicas e de segurança, legais, de promoção e divulgação e de desenvolvimento de políticas comuns;

– Envidar ações conjuntas para potenciar o crescimento sustentado dos domínios de topo de língua portuguesa;

– Promover e colaborar na defesa dos interesses do ccTLD de língua portuguesa;

– Promover a utilização da língua e dos conteúdos portugueses na Internet.

Mafalda Simões Monteiro/OJE Digital