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11 FEV 2025

Após lei que proíbe celular, escolas do DF se adaptam à nova realidade


G1 - 11/2/2025 - [gif]


Autor: Nathalia Sarmento
Assunto: TIC Kids Online Brasil

Mais de 650 mil alunos de escolas públicas e privadas voltaram às aulas em Brasília. Veja como instituições de ensino trabalham o fim do celular em sala de aula

Mais de 650 mil alunos de escolas públicas e particulares voltaram às aulas no Distrito Federal e se adaptam às novas regras que proíbem o uso do celular na educação básica – ou seja, na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio.

São 620 escolas privadas e 948 escolas públicas no DF. Em algumas escolas particulares já há compartimentos para que os alunos deixem o celular antes de entrar em sala de aula.

Na rede pública, a Secretaria de Educação orientou que os alunos desliguem o aparelho, que deve ficar guardado dentro da mochila. Se forem pegos usando o celular, a direção da escola "pode adotar medidas disciplinares".

De acordo com o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe-DF), "Cada escola pode desenvolver uma política específica para o uso de celulares, permitindo sua utilização apenas em contextos pedagógicos previamente definidos, de forma a integrar a tecnologia ao aprendizado de maneira construtiva".

No Sigma, a professora de artes Juliana de Sá diz que agora tem um novo parceiro para as aulas. Já que não pode usar o celular para ver a hora, a professora teve que comprar um relógio.

Ela conta que assim ficou mais fácil para aderir a chamada "política do celular invisível". O colégio optou por não recolher o celular dos estudantes.

Mas, os pais foram avisados que a instituição não toleraria que os alunos mexessem no celular em sala de aula. Se ocorrer, os professores retiram o estudante da sala imediatamente e encaminham para a coordenação.

"Abrir as quadras de lazer tem sido a principal forma de manter os alunos entretidos durante o intervalo", diz o diretor do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília, Alexandre Almeida. Segundo ele, os estudantes têm se adaptado bem à medida.

O colégio instalou dentro de todas as salas dos anos finais do ensino fundamental e médio uma espécie de armário, com pequenos compartimentos, para que os estudantes depositem os aparelhos. A retirada só será permitida após o término da aula.

Celular no 'mural'

Desde 2023, o Colégio Católica Brasília orienta os estudantes a guardar os celulares em bolsões nas salas de aula. O uso só é permitido com orientação dos professores para fins pedagógicos.

Com a lei federal, o colégio tem incentivado a interação social durante os intervalos. Para isso, atividades recreativas – como cordas, elásticos, mesas de pebolim, jogos e instrumentos musicais (violão, guitarra) ficam à disposição dos estudantes.

Sem telas para viver a adolescência

De acordo com a especialista em educação pela UnB Catarina Santos, o passo inicial para implementar a medida nas instituições deve ser a conscientização dos estudantes. A professora diz que a redução do uso de telas no dia a dia reflete direta e positivamente no comportamento das crianças e adolescentes.

No Brasil, 95% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usam internet, totalizando 25 milhões de pessoas. A grande maioria usa o celular para se conectar. Os números são de uma pesquisa do Cetic.br, um centro de estudos ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, com apoio da Unesco.

Catarina Santos diz que a lei é positiva. No entanto, lamenta que na rede pública do Distrito Federal não tenha havido uma capacitação para os professores e nem mesmo um debate sobre como fazer essa mudança.

Para a especialista, a Secretaria de Educação deveria ter criado uma campanha educativa de volta às aulas sem os aparelhos. Ela diz temer que a aplicação da lei acabe gerando mais uma função para os professores.

Questionada, a Secretaria de Educação não havia respondido até a publicação desta reportagem.