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16 AGO 2018

3º Workshop “Impactos da exposição de crianças e adolescentes na Internet” aborda contexto escolar e familiar no uso das TICs




Os papeis desempenhados por diferentes atores no acompanhamento e educação de crianças e adolescentes sobre o uso da Internet foi o principal assunto debatido durante o 3º Workshop "Impactos da Exposição de Crianças e Adolescentes na Internet, promovido e realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e correalizado pela SaferNet Brasil.

Na abertura do evento, Kelli Angelini, gerente da Assessoria Jurídica do NIC.br e coordenadora do workshop, ressaltou a atenção dedicada pelo NIC.br à produção de materiais educativos. “Esse tema precisa ser debatido cada vez mais e o assunto precisa ser disseminado”. “Por mais avançada que seja a regulação, é muito complexo traduzir essa rapidez de evolução tecnológica para uma linguagem que seja palpável para as famílias ou para a sala de aula, um desafio que não é pequeno”, completou Rodrigo Nejm, diretor de educação da SaferNet Brasil.

“Dependência da tecnologia e bem estar de crianças e adolescentes: As experiências possíveis entre o uso criativo e o uso abusivo”

Com a moderação de Alexandre Barbosa (Cetic.br), a apresentação de Ivelise Fortim (Janus - Laboratório de Estudos de Psicologia e TICs), abordou o contexto histórico sobre a dependência tecnológica e a diferença entre a dependência no uso de uma tecnologia e de outros tipos de dependência. “Somos um reflexo do que fomos quando crianças, incluindo todas as nossas influências, e o mundo digital também está nos influenciando”, declarou Evelyn Eisenstein (Sociedade Brasileira de Pediatria) ao apresentar uma perspectiva médica sobre o uso prolongado de dispositivos eletrônicos por jovens. ”É agora que nós temos que ser pais e mães dos nossos filhos, puxar as orelhas das mídias e ser responsáveis, antes que a indústria os adotem”, completou. A psicóloga Evelise Galvão de Carvalho abordou a diferença geracional do consumo de tecnológicos: jogos eletrônicos também são consumidos pelos pais de jovens, o que não ocorria no passado. Evelise alertou para os riscos de quando jogos deixam de ser um entretenimento e passam a ser uma dependência, e também relacionou as experiências vividas por adolescentes em ambientes de jogos e o mundo real.

“Responsabilidades das famílias na educação digital: da superproteção à superexposição”

Luiz Fernando Riesemberg, pai do YouTuber do Canal "Show do Tiago", detalhou o histórico de criação do canal, bem como a dinâmica e os cuidados tomados para a produção dos vídeos, manutenção do canal e principalmente o bem-estar de seu filho. Adriana Cansian (Resh Cyber Defense), que moderou o painel, ressaltou a importância da produção de conteúdos adequados para as crianças, que passam a criar identificações com os YouTubers. Kelli Angelini (NIC.br) apresentou as diferentes situações que podem caracterizar problemas no uso da Internet por crianças e adolescentes, como quando passam a vincular sua felicidade à quantidade de curtidas em postagens, por exemplo.

“Educação para uso consciente e responsável da Internet na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)”

No painel moderado por Priscila Gonsales (Educadigital), Cristina Sleiman (OAB/SP) apresentou um panorama sobre a BNCC. Rodrigo Nejm (SaferNet Brasil) relembrou a importância de que não somente as políticas públicas, mas também os projetos pedagógicos, planos de aula e a montagem de currículos estejam baseados em evidências, como os proporcionados pelas pesquisas do Cetic.br. “Acho que há múltiplas entradas para a inclusão dessa discussão nas diferentes disciplinas. Para além da dimensão instrumental do uso da tecnologia na educação, é preciso refletir sobre a tecnologia como mediadora de nossas relações com o mundo e ter a tecnologia como objeto de estudo, a exemplo da compreensão sobre o funcionamento dos algoritmos." Priscila ponderou que o ensino relacionado ao uso de tecnologias precisa estar integrado às disciplinas, e não isolado.

“Mundo diferente (digital), escola igual, faz sentido?”

Com a moderação de Tanara Lauschner (CGI.br), o debate contou com a participação de Roberta Bento (SOS Educação), que refletiu sobre a forma como sua própria trajetória pessoal e expectativa positiva teve influência em sua capacidade de aprender e lidar com dificuldades de aprendizagem. “Diante dessa nova realidade tecnológica, o professor se assemelha a um médico. Os professores precisam conhecer os alunos e suas deficiências e habilidades para ajudar a desenvolver essas habilidades, para que os alunos façam uso de todos os recursos e conteúdos e ferramentas que a tecnologia possibilita”. O raciocínio foi acompanhado por Rosa Maria Lamana (Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo): “A Lei de Diretrizes e Bases tem entre seus objetivos desenvolver a criatividade, a criticidade, a comunicação, a reflexão. É possível fazer isso sem ser digital, esse é um papel da escola há muito tempo. Mas como a escola precisa considerar o contexto cultural desse aluno e o que é vivido na sociedade, o professor precisa inserir a tecnologia no trabalho que ele já desenvolve”. Para Regina de Assis (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto), é preciso ampliar o escopo da integração entre a o uso de tecnologia e o contexto escolar. “Precisamos falar a sério da mudança de paradigma sobre o que é conhecer e o que é constituir conhecimento e valores”, declarou. Drica Guzzi (Escola do Futuro - USP) refletiu sobre o histórico de formação da escola como a conhecemos atualmente. “A escola é um feito de uma época. Precisamos avaliar a construção de processos que ajudem a habitar o nosso tempo atual, de extrema ambiguidade”, ponderou.

Cyberbullying e vazamento de Nudes – ações preventivas e responsabilidades

No painel moderado por Tatiana Jereissati (Cetic.br/NIC.br), Juliana Cunha (SaferNet Brasil) destacou as ações oferecidas pela SaferNet para orientar usuários sobre o uso seguro da Internet, também apresentou dados de compartilhamento e vazamento dos chamados “nudes” e destacou que 69% das vítimas são meninas e mulheres. Kelli Angelini (NIC.br) falou sobre a legislação relacionada ao cyberbullying, as consequências desses atos e a responsabilização que recai sobre quem comete esses crimes. Kelli também refletiu sobre o papel da escola nesse contexto. Luciene Paulino (UNESP) apresentou as relações e dinâmicas associadas a quem comete e quem sofre bullying, como, por exemplo, a necessidade de se sentir importante, para alguém e para si mesmo. “Nudes não são um problema moral, são um problema afetivo. Ele se torna um problema moral quando se expressa como um desrespeito”, considerou.

Rastros digitais e desenvolvimento da infância hiperconectada

Miriam Von Zuben (CERT.br/NIC.br) descreveu as características dos rastros digitais que usuários leigos ou crianças não notam durante a navegação pelos diferentes serviços da Internet, tanto para fins lícitos e conscientes como ilícitos, e que não estão evidentes para os usuários. Natália Neris (InternetLab) discorreu sobre a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente a casos de exposição não consentida de crianças e adolescentes que geraram processos judiciais. A maioria dos casos levou à absolvição dos acusados por não ter sido considerado que houve intenção ou dolo sobre a imagem exposta ou que houve intenção de ofendê-la, entre outras situações. As apresentações contaram com a moderação de Karolyne Antonieta Onyekachukwu Silva Utomi (NIC.br).

Influenciadores digitais mirins: Protagonismo, diversão ou alienação da infância?

O último painel do evento foi moderado por Alessandra Borelli (Nethics - Educação Digital), no qual Luciana Corrêa (IAB Brasil) realizou uma apresentação sobre os resultados da pesquisa Geração YouTube, que revelam os impactos gerados pelos hábitos de consumos de crianças brasileiras em redes sociais. Os resultados da pesquisa apontam aumento no número de visualizações de vídeos, e a apresentadora refletiu se há mediação durante a visualização desses conteúdos. Pedro Hartung (Instituto Alana) abordou a proteção dos direitos focando na responsabilidade das empresas produtoras e dispersoras de conteúdo. Pedro apontou que há uma desconexão entre o número de crianças e adolescentes que usam a rede e as medidas adotadas por empresas, utilizando o exemplo de termos de uso que restringem o uso a quem tenha mais de 18 anos. “Se eu não reconheço a existência desses indivíduos na própria plataforma, como eu vou agir proativamente para que haja um ambiente digital de promoção de direitos?”, completou.

Confira o álbum de fotos do workshop. A playlist com a íntegra da transmissão do evento está disponível em https://www.youtube.com/playlist?list=PLQq8-9yVHyOZhFcLBWOZgFEhQWMhZ1t00. Os vídeos editados com cada um dos painéis estarão disponíveis em breve no mesmo endereço.

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br

O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://www.nic.br/) é uma entidade civil, de direito privado e sem fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições: coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (https://www.registro.br/), estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br (https://www.cert.br/), estudar e pesquisar tecnologias de redes e operações — Ceptro.br (https://www.ceptro.br/), produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br (https://www.cetic.br/), implementar e operar os Pontos de Troca de Tráfego — IX.br (https://ix.br/), viabilizar a participação da comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a formulação de políticas públicas — Ceweb.br (https://www.ceweb.br), e abrigar o escritório do W3C no Brasil (https://www.w3c.br/).

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br

O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://www.cgi.br/principios). Mais informações em https://www.cgi.br/.

Sobre a SaferNet Brasil

SaferNet é a ONG referência na promoção e defesa dos direitos humanos na Internet no Brasil. Atua na educação e orientação de crianças, adolescentes, jovens, pais e educadores sobre uso responsável e seguro da Internet. Criou e coordena a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos e o Helpline.br, canal de ajuda online que orienta vítimas de violações de direitos na rede. Desde 2009 coordena o comitê organizador do Dia Mundial da Internet Segura no Brasil. Mais informações: https://www.safernet.org.br/.

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