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21 AGO 2001

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Arquivo do Clipping 2001

Veículo: CorreioWeb
Data: 21/08/2001
Assunto: domínios NTP

Empresas apostam na venda de domínios e subdomínios com nomes próprios, expressões engraçadas e populares registrados em países com pequena presença na Internet e regras menos rígidas
 
Tatiane Freire
Da equipe do Correio

Até hoje foi muito fácil achar qualquer site na Internet, mesmo sem usar um serviço de busca. Invariavelmente o tal endereço terminava com .com ou .com.br. No máximo algum tinha .net ou .gov. Pois algumas empresas que vendem domínios estão tentando mudar essa realidade. A idéia é faturar com a venda de endereços, digamos, criativos ou engraçadinhos, mais fáceis de serem memorizados pelas pessoas.

Por US$ 35 ao ano, a New.Net oferece endereços do tipo .amor, .igreja, .video, .jogo, .familia e outros. São terminações genéricas, regulamentadas pelo Internet Corporation for Assigned Numbers and Names (Icann). "O que essas empresas fazem é vender subdomínios dentro do domínio delas". Ou seja, você tem um endereço .amor, só que depois que você digita o link, um programa te redireciona para o .amor.new.net", explica Raphael Mandarino, representante dos usuários no Comitê Gestor da Internet.

Já a empresa www.discre.to apela para outra tática: como cada país tem um código próprio para os endereços de Internet - como é o nosso .br - a companhia comprou vários domínios em países com pouca presença na Internet, como Romênia, Reino do Tonga, Luxemburgo e Ilhas Maurício. Essas países têm terminações que formam nomes, expressões, palavras divertidas ou populares, como, por exemplo, o www.bri.to, o www.vaquinha.mu ou www.pelado.nu. Depois, o discre.to passou a alugar os domínios por R$ 44 ao ano.

Existem hoje códigos para 128 países ligados à Internet. Em alguns deles, como a Inglaterra, a Alemanha e alguns países da África, o domínio do país está na mão da iniciativa privada, o que facilita a especulação. "A Internet virou um negócio de camelô, todo mundo quer ganhar dinheiro te empurrando alguma coisa", condena Mandarino.

O fim?

Será que esse é o fim dos mais do que populares domínios .com e .com.br? Para o Comitê Gestor, ainda não será dessa vez que os dito-cujos serão desbancados. "A navegação fica mais lenta, a pessoa tem que pagar em dólar e ainda fica sujeita às leis do país que hospeda o domínio", diz Mandarino.

Outro dado interessante é que ao contrário dos Estados Unidos, onde só existem três domínios diferentes disponíveis (.com, .org e .net) - e mais três estão a caminho (.copy, .info e .biz) - no Brasil há muito tempo já existem 56 sufixos de domínios diferentes para diversas profissões, ramos de atividade, etc. Ainda assim os endereços terminados em .com.br são os mais populares, respondendo por nada menos que 92,34% dos 417 mil domínios registrados hoje no país.

Mesmo com tanto domínio .com.br cadastrado, Mandarino descarta que estejam chegando ao fim os .com.br que interessariam aos usuários de Internet. Ou seja, com nomes e expressões com algum sentido. "Isto não tem limite, podemos usar todas as combinações de palavras que existem num dicionário de português", afirma.

A venda de subdomínios e domínios registrados em outros países pode ajudar aqueles que querem ter um endereço que já foi vendido ou que não está disponível, como é o caso dos palavrões aqui no Brasil. Logo quando foi criado, o Comitê Gestor reteve alguns domínios que pudessem causar conflitos, como nomes de empresas conhecidas e figuras religiosas, além de outros que o Comitê achava que não deveriam existir na Internet brasileira, como é o caso dos palavrões.

Menor controle

Nesses casos, o jeito pode ser comprar um domínio registrado em outro país, pois o controle é menor e as empresas que fazem a venda não costumam ter esse tipo de dilema moral. "Quem somos nós para decidir o que pode e o que não pode ser registrado?", perguntou Patricio Valdes, presidente da Palavra.net, em entrevista à revista Wired. A empresa, que está aceitando pré-registros para endereços .info no site www.naame.com já recebeu pedidos de reserva de alguns domínios com nomes vulgares, como www.fuck.info e www.shit.info.

Joyce Lin, da 007 Names, que oferece registros .biz, também tem a mesma postura. "Não fazemos qualquer tipo de revisão, nem descartamos aqueles que não achamos apropriado", diz. "Pode soar terrível mas é a escolha do cliente". Até 1999, a Network Solutions, empresa que monopolizava os registros .com, não fazia o registro de domínios com nomes obscenos. Hoje está tudo liberado, quem manda é o mercado, mas muitos dos endereços já estão nas mãos de alguém.