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12 NOV 2018

Quais são as soluções para o Brasil ter uma internet acessível e inclusiva?


MWPT - 08/11/2018 - [gif]


Assunto: VIII Fórum da Internet

Na quarta-feira (7/11), participamos do VIII Fórum da Internet no Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Essa foi a primeira vez que o Fórum discutiu acessibilidade digital. Foi assim que nasceu o nosso painel “Violações invisíveis: acessibilidade e dilemas da inclusão na Internet brasileira”.

Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos, e Suzeli Rodrigues Damaceno, coordenadora do Movimento Web para Todos, conduziram o painel com a participação de representantes de diversos setores da sociedade: empresarial, governamental, terceiro setor e a comunidade científica e tecnológica.

O painel teve a colaboração do Eduardo Laurentino, cofundador do Tecs – Grupo de Computação Social da USP. Ele preparou o estudo “A acessibilidade digital e a governança da internet no Brasil” especialmente para ser usado como base do nosso encontro. O material mostra por que devemos adotar a acessibilidade digital como compromisso.

“Vemos, como solução, trabalhar a base de profissionais que estão desenvolvendo soluções web (desenvolvedores, conteudistas e designers). Estou militando como empresária social e líder do movimento para que as pessoas entendam e tenham essa consciência de que eles vão fazer toda a diferença na hora de fazer essa transformação social para uma web acessível”, disse Simone Freire durante o painel.

Como foi o painel

Se você não foi ao evento, não se preocupe! Destacamos três perguntas centrais e reunimos as respostas dos especialistas em tópicos para que você entenda melhor o cenário e os desafios da acessibilidade digital no Brasil. Além disso, você pode assistir ao painel, na íntegra, no canal do NIC.br.

Por que a web brasileira está longe de ser um ambiente acessível e inclusivo?

  • Falta informação e conhecimento técnico por parte de quem desenvolve sites e aplicativos e das organizações;
  • Falta empatia, convivência com a pessoa com deficiência. Ela ainda não é parte do nosso dia a dia;
  • Falta interesse por parte das organizações em querer adaptar seus sites e aplicativos para que fiquem acessíveis. Há uma omissão evidente por parte de muitas organizações;
  • Muitas organizações ainda estão com uma visão equivocada sobre o mercado como um todo e as oportunidades que oferece;
  • Falta conhecimento e amadurecimento em relação às leis vigentes;
  • Falta respeito ao outro;
  • Falta investimento em pesquisa e maior integração da academia às demandas urgentes do mercado.

Quais são as oportunidades de mercado que vocês identificam que as organizações estejam perdendo devido à falta de acesso?

  • O Brasil tem 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência; 1,3 bilhão de pessoas no mundo. Juntas, essas pessoas respondem por US$ 7 trilhões em poder de compra anual no mundo, dos quais pelo menos R$ 22 bilhões são no Brasil;
  • Melhoria da usabilidade e da visibilidade nos canais digitais;
  • Diferencial competitivo para os profissionais e organizações que têm essa visão;
  • Há diversas oportunidades em todas as áreas para desenvolvimento de tecnologia, já que tudo está ficando cada vez mais digital;
  • Criação de um novo sistema de ensino à distância que envolva tecnologia e novas metodologias de ensino, aprendizado e desenvolvimento de materiais digitais para que a pessoa com deficiência também seja incluída nesse universo;
  • Criação de novo serviço de atendimento ao consumidor nos meios digitais.

Quais são as soluções para que esse cenário de falta de acesso seja revertido e a web seja o ambiente inclusivo que sempre deveria ter sido?

  • Formação massiva da base de profissionais que desenvolvem e mantém aplicações web;
  • O Governo ser cada vez mais permeável para que a sociedade, em especial os jovens, trabalhem de forma conjunta;
  • Não esperar que a solução venha apenas do Governo, mas unir todos os setores para resolver os problemas;
  • Incluir as pessoas com deficiência em todos os debates e projetos;
    Parar de “fazer PARA as pessoas com deficiência” e passar a “fazer COM as pessoas com deficiência”;
  • Fortalecer a cultura de acessibilidade em tudo que é feito na internet, em todas as aplicações digitais;
  • Pressionar o judiciário e o poder público para que as leis vigentes seja de fato aplicadas;
  • Estimular que as pessoas denunciem mais os sites e aplicativos não acessíveis;
  • Contratar mais pessoas com deficiência para ampliar o convívio e a empatia;
  • Ampliar o número de organizações que tenham o Selo de Acessibilidade da SMPED, pois isso estimula a conscientização e o interesse em manter a acessibilidade permanente em seus sites.

Os participantes do painel

Representando o setor empresarial:

Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos e fundadora da Espiral Interativa.

Representando o setor governamental:
Ciro Pitangueira de Avelino, Secretário Adjunto da Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão;

Fabíola Calixto de Souza, Coordenadora de Tecnologia e Acessibilidade Digital – Prefeitura de São Paulo;

Representando o terceiro setor:
Sarah Barreto Marques Ribeiro, Secretária de acessibilidade e ajudas técnicas da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB);

Bárbara Simão, pesquisadora em telecomunicações e direitos digitais no Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC).

Representando a comunidade científica e tecnológica:
Tiago Maritan, professor efetivo do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba, pesquisador do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAViD) e coordenador do projeto Suite VLibras.

Moderadora:
Suzeli Rodrigues Damaceno, coordenadora do Movimento Web para Todos.

Relator:
Eduardo Laurentino, bacharelando do Instituto de Matemática e Estatística da USP – Universidade de São Paulo.