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01 JUL 2020

Panorama do uso de Internet e tecnologias pela comunidade escolar brasileira


Cempec Educação - 29/6/2020 - [gif]


Autor: Stephanie Kim Abe
Assunto: Pesquisas Cetic.br

Veja dados sobre os desafios de conexão para estudantes, as dificuldades dos professores em utilizar tecnologias e a relação da escola e família por meio da Internet

Ainda que 74% da população brasileira com 10 anos ou mais já seja usuária de Internet, ainda existem 47 milhões de cidadãos brasileiros desconectados. Além disso, mais de 20 milhões de domicílios não possuem conexão à Internet – sendo esse cenário mais evidente na região Nordeste (35%) e em famílias com renda de até um salário mínimo (45%).

Esses são alguns dos dados sobre o acesso à Internet trazidos pela TIC Domicílios 2019, pesquisa divulgada no final de maio pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O Centro de Estudos apresenta estatísticas e indicadores sobre a disponibilidade e o uso da Internet no Brasil.

Em junho, o órgão divulgou outras duas importantes pesquisas, realizadas anualmente, que olham mais detalhadamente para alguns recortes da população brasileira e a sua relação com o uso da tecnologia e da Internet.

A TIC Educação 2019 traz dados sobre o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas públicas e particulares brasileiras de Ensino Fundamental e Médio, por meio de entrevistas com a comunidade escolar.

Já a TIC Kids Online 2019 busca entender de que forma crianças e adolescentes utilizam a Internet e como lidam com os riscos e as oportunidades advindas dessa prática, por meio de entrevistas com crianças e pais/responsáveis.

Considerando a importância de se olhar para esse cenário neste momento de pandemia da Covid-19, em que muitas políticas e ações estão sendo tomadas pensando no ensino remoto e no uso de tecnologias, destacamos abaixo alguns dos principais resultados das pesquisas TIC Educação 2019 e TIC Kids Online 2019:


Desafios de conexão para crianças e adolescentes

De acordo com a pesquisa TIC Kids Online 2019, 89% da população de 9 a 17 anos é usuária da Internet no Brasil, o que equivale a 24,3 milhões de crianças e adolescentes conectados.

Ainda assim, 1,4 milhões de crianças e adolescentes nunca acessaram a internet (TIC Kids Online 2019)

Essa desigualdade se revela nos percentuais menores encontrados principalmente nas áreas rurais (75%), nas regiões Norte e Nordeste (79%) e nos residentes em domicílios das classes D e E (80%).

4,8 milhões de crianças e adolescentes vivem em domicílios que não possuem acesso à rede (TIC Kids Online 2019)

Imagem da pesquisa TIC Kids Online 2019 em relação aos motivos para não utilizar a Internet.
Fonte: CGI.BR/NIC.BR, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)


Esse acesso desigual também é perceptível quando olhamos para a escola, e a forma como os alunos acessam a Internet. Nas escolas urbanas de Ensino Fundamental e Médio, 83% dos alunos são usuários da Internet. Nas regiões Norte (73%) e Nordeste (78%), a porcentagem de alunos com acesso é menor.

Computador de mesa, notebook e tablet são dispositivos que perdem força frente ao celular, utilizado para acessar a rede por 98% dos alunos, de acordo com a TIC Educação.

1 milhão de estudantes de escolas urbanas de Ensino Fundamental e Ensino Médio acessam a Internet exclusivamente pelo celular – sendo que 96% deles estão nas escolas públicas municipais e estaduais (TIC Educação 2019)

O fato de que 39% dos alunos de escolas públicas não possuem tablet, computador de mesa ou computador portátil em casa também deve ser levado em conta no momento dos educadores pensarem a realização de atividades pedagógicas de forma remota.


Dificuldades do uso das tecnologias pelos educadores

Os resultados da TIC Educação 2019 não mostram desafios de conectividade para os professores, mas isso não quer dizer que eles não encontrem problemas para utilizar as tecnologias.

As principais dificuldades apontadas pelos educadores de escolas urbanas são relacionadas às questões estruturais da escola: número insuficiente de computadores por aluno, de computadores conectados à Internet, equipamentos obsoletos, baixa velocidade e ausência de suporte técnico, entre outros.

Mas 53% relataram que a ausência de curso específico para o uso do computador e da Internet nas aulas dificulta muito a utilização dos equipamentos em atividades pedagógicas.

93% dos professores relataram se manter atualizados sobre o uso das tecnologias sozinhos; 82% com contatos informais com outros professores e 81% por meio de vídeos ou tutoriais on-line (TIC Educação 2019)

Além disso, apenas 38% deles se mantêm atualizados com cursos específicos sobre computador e Internet e 26% por meio de formações oferecidas pela secretaria de ensino.

Imagem da pesquisa TIC Educação 2019 em relação à participação de professores em cursos, debates e palestras sobre o us de tecnologias em atividades pedagógicas.
Fonte: CGI.BR/NIC.BR, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)

Relação escola e família mediada por tecnologias

Um dos dados mais relevantes da TIC Educação sobre o uso da tecnologia pelas escolas refere-se aos recursos de comunicação utilizados por elas.

Apenas 28% das escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio localizadas em áreas urbanas contam com um ambiente ou plataforma de aprendizagem a distância (TIC Educação 2019)

Dentre esse pequeno percentual de escolas que possuem um ambiente ou plataforma de aprendizagem a distância, há uma expressiva diferença entre as da rede pública e da rede privada: apenas 14% das escolas públicas (municipais e estaduais) possuem esse recurso de comunicação, contra 64% das escolas particulares.

Comparando a série histórica, é possível perceber que houve ainda diminuição dessa porcentagem, nas escolas públicas, em relação à mesma pesquisa do ano anterior (de 17% para 14%), enquanto nas particulares houve avanço (de 47% para 64%).

Imagem da pesquisa TIC Educação 2019 em relação às escolas urbanas e os recursos de comunicação disponíveis.
Fonte: CGI.BR/NIC.BR, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)


Com relação a outros recursos de comunicação utilizados pelos estabelecimentos de ensino, as escolas públicas seguem atrás em relação ao uso de blogs (16% das escolas públicas, contra 28% das particulares), e perfil ou página em redes sociais (73% das escolas públicas, contra 94% das particulares).

Redes sociais são o principal canal de comunicação entre escolas e família (54% das escolas públicas, e 79% da rede privada) – (TIC Educação 2019)


Atividades pedagógicas com o uso das tecnologias

Sobre o uso da Internet em atividades escolares, a pesquisa TIC Educação 2019 revela que 65% dos alunos que são usuários de Internet a utilizam para fazer trabalhos escolares a distância, e 28% para falar com o professor.

A porcentagem de alunos que utilizam a Internet para fazer trabalhos a distância cresce significativamente conforme avançam os anos escolares (42% dos alunos do 5º ano do EF, 73% do 9º ano e 80% para os do 2º ano do EM).

O WhatsApp é a rede social mais usada pelos alunos de escolas urbanas (85%), sendo que 61% deles a utilizam para fazer tarefas escolares (TIC Educação 2019)

Imagem da pesquisa TIC Educação 2019 em relação aos uso de redes sociais em atividades escolares
Fonte: CGI.BR/NIC.BR, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)


Em relação aos diversos usos de tecnologia em atividades escolares, a TIC Educação 2019 revela que apenas 24% dos alunos afirmaram ter utilizado a rede para fazer provas e simulados e 16% para participar de cursos a distância.

Entre as atividades gerais que os alunos realizam na Internet, destacam-se assistir vídeos, programas, filmes ou séries, mandar mensagens por aplicativos e usar as redes sociais para aprender a fazer algo que não sabiam ou que sentiam dificuldade em fazer.