Pandemia de covid-19 mudou consumo on-line para sempre, diz Unctad
Valor Econômico - 8/10/2020 - [gif]
Autor: Assis Moreira
Assunto: Painel TIC COVID-19
A pandemia causada pelo novo coronavírus transformou a maneira como o consumidor faz suas compras via internet
A pandemia de covid-19 está mudando para sempre a tendência de consumo on-line, segundo uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pela Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) feita em nove países, incluindo o Brasil.
A constatação básica é de que a pandemia acelerou a mudança para um mundo mais digital, transformando a maneira como o consumidor faz suas compras via internet. Mas, ao mesmo tempo em que o consumo on-line aumentou, os gastos via web diminuíram.
Para a Unctad, as mudanças no consumo on-line vieram para permanecer, com o comércio eletrônico devendo ter um enorme crescimento que vai causar disrupção nas redes de varejo nacional e internacional.
Segundo a pesquisa com 3.700 consumidores, depois da pandemia mais da metade dos que responderam agora compram pela internet com mais frequência e se apoiam mais na web também para ter acesso a notícias, informações sobre saúde e divertimento digital.
Consumidores nas economias emergentes tiveram a maior mudança nas suas compras on-line. Nada menos de 49% no total aumentaram as compras pela internet.
No Brasil, a taxa é ainda maior, de 55%, com os brasileiros preferindo comprar mais pela web para se proteger de contaminação. Dos nove países pesquisados, somente China (78%), Turquia (65%) e Coreia do Sul (58%) superam as compras on-line do Brasil.
No mercado brasileiro, os produtos de moda eram os itens mais comprados on-line antes da pandemia, com 50% do total. Com a pandemia, os itens mais adquiridos pela web no país são alimentos e bebidas (54%).
As pessoas com idade entre 25 e 44 anos aumentaram mais o consumo on-line comparado aos mais jovens.
No caso do Brasil, o aumento do consumo digital foi maior entre grupos mais vulneráveis e mulheres.
“Durante a pandemia, os hábitos do consumo on-line no Brasil mudaram significativamente, com maior proporção de usuários da Internet comprando produtos essenciais como alimentos e bebidas, cosméticos e remédios”, afirma Alexandre Barbosa, diretor do Centro Regional de Estudos sobre Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), citado no comunicado da Unctad.
A pesquisa foi preparada pela agência da ONU juntamente com Netcomm Suisse eCommerce Association, e colaboração do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) do Brasil.
Os países pesquisados foram Brasil, China, Alemanha, Itália, Coreia do Sul, Rússia, África do Sul, Suíça e Turquia.
O estudo mostra que as compras on-line aumentaram entre 6% e 10% na maioria dos produtos, com ganhos sobretudo no caso de produtos eletrônicos e da tecnologia da informação, remédios, educação, móveis e produtos de cuidado pessoal.
Mas a média de gastos com o consumo on-line caiu, com consumidores em países emergentes e desenvolvidos visivelmente adiando certas despesas. Nos emergentes, os consumidores focaram mais nos produtos essenciais.
Gastos on-line com turismo e viagens caíram 75%, até por causa do confinamento em um bom número de países. Também houve queda nas compras de produtos de informática (-48%).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) recentemente apontou perda global de US$ 3,5 trilhões na renda dos trabalhadores nos nove primeiros meses do ano, ou 5,5% do Produto Interno Bruto global (PIB), comparado ao mesmo período do ano passado, por causa do impacto da pandemia de covid-19.
Conforme a pesquisa da Unctad, as plataformas mais usadas tem sido WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger, as três de propriedade de Facebook.
No entanto, Zoom e Microsoft Teams se beneficiaram bastante do crescimento do uso de vídeo, incluindo no local de trabalho.
Na China, as principais plataformas continuam a ser WeChat, DingTalk e Tencent Conference.