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26 NOV 1999

Novo Comitê Gestor quer democratizar o acesso à Internet e estimular o comércio eletrônico






Arquivo do Clipping 1999

Veículo: Canal Web
Data: 26/11/1999
Assunto: novo CG

Fomentar o desenvolvimento de serviços Internet no Brasil e tornar o acesso à Rede possível a todo e qualquer cidadão do país. É com esse propósito que irão trabalhar os doze membros do novo Comitê Gestor da Internet Brasil, que tomaram posse na última terça-feira, em Brasília. O novo Comitê tem ainda entre seus objetivos imediatos estimular o avanço e desenvolvimento dos sistemas de segurança em redes, estimular o comércio eletrônico e aumentar o grau de representatividade do CG em órgãos internacionais, como o ICANN por exemplo.

O ministro das Comunicações Pimenta da Veiga destacou, durante a cerimônia de posse, que a Internet é um importante meio para o desenvolvimento social e econômico do Brasil, lembrando ainda que recursos como a educação à distância e a telemedicina, por exemplo, devem ser encorajados pelo Comitê Gestor. Também prestigiaram a cerimônia de posse o presidente da Anatel, Renato Guerreiro, e o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg. A demora para a nomeação dos novos representantes, que deixou o CG sem representação por cerca de dois meses, foi justificada pelo fato das indicações serem fruto da assinatura de portarias entre os Ministérios da Ciência e Tecnologia e Educação.

O coordenador do Comitê Gestor, Ivan Moura Campos, disse que a nova formação é muito mais ".com", afirmando que o novo CG está menos voltado para assuntos acadêmicos e técnicos e mais para o lado comercial da Internet no Brasil. "Em 95, quando o Comitê foi formado pela primeira vez, a Internet comercial no país era muito pequena enquanto hoje quase 90% dos endereços são .com", completa Campos. Raphael Mandarino, pela terceira vez indicado para integrar o Comitê como representante dos usuários do serviço de Internet no Brasil, ressaltou a importância da nova formação para o Governo Federal. "O simples fato de termos tido uma cerimônia de posse oficial já demostra a preocupação do atual governo com o Comitê", acredita.

"O fato de ter aumentado de nove para doze o número de representantes e de termos representantes da Anatel e do Ministério do Desenvolvimento mostra que o novo Comitê tem um caráter muito mais político", diz Mandarino, que acredita ainda que as duas últimas formações estavam mais preocupadas em estabelecer os padrões e procedimentos técnicos da Internet no Brasil. O representante dos usuários acrescenta que os novos integrantes representam muito bem as áreas para as quais foram indicados e não foram escolhidos somente pelos cargos que ocupam em suas organizações ou instituições.

"No futuro o Comitê tende a ser ainda maior. Com o desenvolvimento das tecnologias wireless de transmissão de dados e o acesso à Internet via TV a Cabo, por exemplo, surgirão novas necessidades a serem discutidas pelo Comitê", prevê Ivan Moura Campos, que ressalta também a necessidade de aumentar a representatividade do Comitê em órgãos internacionais.

Uso da Internet na educação - Inserir a Internet no processo educacional e cultural brasileiro é outra importante meta do Comitê Gestor. "Queremos atingir escolas de 1º e 2º graus, bibliotecas, enfim, aumentar o número de brasileiros com acesso à Rede, democratizando a Internet" diz o representante da comunidade educacional e cultural do Comitê Gestor Demi Getschko, também em seu terceiro mandato. A Internet 2, ainda restrita ao meio acadêmico, é outra importante ferramenta para desenvolvimento do país como um todo. "A nossa intenção é transferir tecnologia da Internet 2 para a sociedade de uma forma geral", diz o representante da comunidade acadêmica do Comitê, José Luiz Ribeiro, que aproveita para lembrar que a abertura do mercado de telecomunicações, no seu entendimento, será fundamental para a expansão da rede no país.

O crescimento do comércio eletrônico no Brasil á uma das principais preocupações do Comitê Gestor, mas para o representante da comunidade empresarial, Cássio Vecchiatti, muitas empresas ainda não se conscientizaram da importância do e-commerce. "Pelo que tenho visto, pequenas e médias empresas no Brasil levam em média de seis meses a um ano para colocarem seus negócios na Internet, o que significa muito tempo", acredita Vecchiatti, também coordenador de assuntos técnicos da Fiesp - Federação das Indústrias de São Paulo. "Nosso grande foco será proporcionar condições para empresas investirem em e-commerce. Para isso criaremos grupos de trabalho que darão treinamento e oferecerão recursos humanos para novas iniciativas em comércio eletrônico", diz Vecchiatti. Além disso, o representante pretende realizar eventos de incentivo no estilo do E-CommerceSul, que acontece no dia 30 deste mês, fruto de uma parceria entre a Fiesp e o Consulado Americano.

Aproximando interesses - A idéia da criação de Grupos de Trabalho que aproximem os interesses do usuário das ações do Comitê não é nova para Mandarino, que já havia apresentado uma proposta parecida no final de seu segundo mandato. "Usuários mais representativos como bancos e provedores de informação, por exemplo, devem realizar discussões prévias e encaminhá-las para seu representante", afirma Mandarino. O representante dos usuários traz ainda como proposta a formação de um grupo de estatísticas sobre a Internet no Brasil, com seu trabalho voltado para auxiliar o Comitê Gestor. "A RNP, instituição da qual faço parte, tem interagido com empresas como a Cisco e a 3Com através de Grupos de Trabalho", diz José Luiz Ribeiro, referindo-se à importância da interação com a iniciativa privada. "Precisamos criar recursos humanos e pessoal especializado, principalmente na área de segurança da Internet", defende Ribeiro.

A chegada de grandes provedores de acesso no mercado brasileiro também está na pauta de discussões do novo Comitê. "Não devemos propor leis que impeçam a entrada destas empresas no Brasil, de forma alguma, mas devemos analisar maneiras de evitar que realizem uma competição desleal com provedores brasileiros, principalmente os de pequeno porte" diz o representante dos provedores de acesso e serviço de Internet, António Tavares. "A guerra de preços que verificamos mais recentemente pode gerar perda na qualidade de serviço", acredita Tavares, acrescentando ainda que o usuário não pode sair prejudicado com estas ações.

Com relação à polêmica questão sobre a compra e venda de registros de domínios no Brasil, os integrantes do Comitê são unânimes em afirmar que a medida de limitar a dez o número de domínios por empresa tem sido uma medida bastante eficiente para coibir a sua comercialização. "Com exceção das marcas notórias, quem primeiro chegar registra seu domínio. Não podemos fazer reserva de mercado para marcas estrangeiras que talvez algum dia venham para o Brasil", acredita Raphael Mandarino. A primeira reunião do Comitê está marcada para o próximo dia nove de dezembro. "Em primeiro lugar é preciso ouvir os novos membros, para depois começarmos a colocar em prática nossas ações", lembra Ivan Moura Campos.