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05 MAI 2000

Nem tudo que cheira é perfume






Arquivo do Clipping 2000

Veículo: Correio Braziliense
Data: 05/05/2000
Assunto: Registro

Saiba como proceder para registrar o domínio de sua empresa na Internet mesmo antes de
construir o site 

Andrea Catta Preta 
Especial para o Correio 

O nome está certo. Letras e pontos estão no lugar. Não há caracteres a mais e no final aparece a abreviação ".com". Mas a página desejada não aparece. Muito pelo contrário, não tem nada a ver com o que se esperava. Pode ser um erro de digitação ou um link que leva direto a outra página. Tenta-se novamente e o resultado é o mesmo. Será que a famosa marca não tem uma página na Internet? Ou talvez seja mesmo um erro de digitação? Os sites que utilizam nomes de empresas conhecidas tanto podem fazer o internauta desistir da navegação como presentear sortudos ou espertinhos com uma boa grana.

Por exemplo: ao procurar o site dos micros Macintosh no Brasil, o mais provável é que o endereço seja www.mac.com.br certo? www porque é um site comum da Internet; mac por ser a abreviação do nome da empresa; com por ser uma instituição comercial; e br porque o site é do Brasil. Em tese, o endereço leva ao site da Macintosh. Mas na prática, o browser mostra a página de uma loja brasiliense especializada em aparelhos de ar condicionado chamada MAC.

Ganância

Estranho? Parece, mas não é. Existem vários sites nos quais o endereço não tem nada a ver com o assunto tratado na página e que foram criados por motivos comerciais. Afinal de contas, um nome famoso garante maior número de visitas ao site. As razões também podem ser a ganância: a empresa famosa pode querer comprar o endereço por qualquer preço. Em outros casos o fato é pura coincidência.

Acontece que o nome de uma grande empresa fica gravado na cabeça de todo mundo e, na hora de navegar, o ideal para a empresa e para o consumidor é digitar o nome mais conhecido. Como isso nunca foi novidade e para registrar um domínio na Internet basta apenas um número de CPF ou CGC e por volta de R$ 100,00, alguns espertinhos correram na frente das estrelas e registraram sites com nomes famosos para logo vendê-los a preços bastante convenientes. Essa prática é mais comum no Estados Unidos. No Brasil, as providências tomadas para evitar esse tipo de problema foram tomadas na hora de implantar as regras de registro de sites.

O endereço na Internet é composto por um tipo de servidor como http, irc ou pop entre outros. Logo, aparece o www ou www2. Depois vem o domínio. Ou seja, o nome do site que foi criado para facilitar a memorização dos endereços na web. Este é dividido em níveis que são enumerados da direita para a esquerda dependendo do número de nomes. Contudo, o primeiro nível sempre
determina o tipo do site

Crescimento

A Internet no Brasil começou a crescer por volta de 95 enquanto que, nos Estado Unidos, já estava na moda há algum tempo. E, ao estabelecer as regras para a utilização da rede por aqui, foram criadas várias abreviações de diferentes tipos de sites para o primeiro nível. Essa é toda a diferença entre o Brasil e os Estados Unidos. Se aqui existem por volta de 26 domínios de primeiro nível, nos EUA existem apenas quatro (com, org, gov e edu). 

Por existirem menos domínios de primeiro nível nos Estados Unidos, a compra de endereços e briga pelos direitos sobre o nome são mais numerosas por lá do que no Brasil, onde há mais opções de domínios de primeiro nível. Aqui, duas lojas de nomes iguais podem manter o nome original da empresa e alterar apenas a especificação delas. Por exemplo, www.al.gov.br (uma empresa governamental) e www.al.ind.br (uma indústria de nome ou iniciais AL).

Segundo o secretário-executivo do Comitê Gestor da Internet (CGI) em Brasília, Raphael Mandarino, os caso que são levados à justiça no Brasil por ano são mínimos. E tudo graças ao modelo brasileiro de registro.

"prendemos com os erros dos outros e melhoramos o serviço. São menos de 15 casos registrados na Justiça por causa do nome do site", afirma. Assim, aqueles espertinhos que criam e vendem domínios de nomes notórios não têm tanto espaço para fazê-lo, pois a empresa pode escolher outro domínio de primeiro nível.

Outra medida adotada pelo CGI foi restringir o número de registros a 10 por CGC ou CPF. Dessa maneira uma empresa ou usuário só pode registrar até 10 domínios na web.

Mesmo assim, existem casos em que a empresa tem que correr atrás do dono do registro que leva o nome da empresa. É o caso da AOL e da Submarino, por exemplo, que tiveram que oferecer a compra dos domínios aos donos originais. Acontece que os domínios que não têm um nome notório (listado na Organização Mundial do Comércio e no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) pertencem à primeira pessoa que os registrar.

Processo

A AOL entrou há algum tempo com um processo no qual reivindica o domínio aol.com.br, que leva o internauta a uma página de um site no sul do país. A luta não promete vitórias para a empresa americana, pois, antes de se tornar conhecida, já existia o site www.aol.com.br na Internet. Com a Submarino foi mais fácil: o dono do site era um pescador na amazônia, que acabou vendendo o domínio depois de alguma insistência.

Contudo, nem sempre é assim. Fabrizio Michels, dono da Mac, já recebeu várias propostas de compra de seu domínio. "Já me ofereceram até R$ 10.000 pelo nome do site. Mas não acho conveniente vender". O site www.mac.com.br é um grande atrativo para aqueles que sonham em revendê-lo para a Macintosh por um preço altíssimo. Segundo o secretário-executivo Mandarino as possibilidades da Macintosh querer comprá-lo são mínimas. "A tendência desse tipo de negócios é acabar. A cada dia aparecem 1.200 novos domínios na Internet e, com a possibilidade de se abrirem mais abreviações de primeiro nível, o espaço aumenta. Somente as empresas muito atrasadas não acordaram para a Internet e se deparam com problema quando já é tarde demais", explica. 

Serviço

Comitê Gestor da Internet: www.cgi.br 
Registro: www.registro.br