Lan house oferece novos serviços para sobreviver
Universidade Metodista de SP - 16/09/2011 - [ gif ]
Autor: Caroline Garcia e Natália Alves
Assunto: Lan house
Além do acesso a internet, estabelecimentos oferecem cópia de documentos, digitação de textos, jogos e gravação de mídia
O serviço oferecido pelas lan houses deixou de ser apenas o acesso à internet. A mudança do perfil dos clientes e o crescimento da conexão residencial, que atingiu 37 milhões de usuários em agosto deste ano, segundo o Ibope, fizeram com que esses locais se adaptassem para sobreviver no mercado. Uma pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação no país, conduzida pelo CGI (Comitê Gestor de Internet no Brasil), mostra que a maioria dos usuários busca os estabelecimentos para imprimir documentos, jogar, digitar textos ou para gravar CDs e DVDs.
A empresa de pesquisa Ibope, por meio do Ibope Nielsen Online, divulgou que 77,8 milhões de brasileiros tiveram acesso a internet em diversos ambientes (casa, trabalho, lan house, escola) no segundo trimestre de 2011. O número foi 5,5% superior ao mesmo período do ano passado, quando alcançou de 73,7 milhões. O tempo médio das pessoas conectadas no trabalho e em casa chegou a 69 horas no mês de agosto.
Em outra pesquisa, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) mostra que Brasil atingirá a marca de 85 milhões de computadores em 2011, o que corresponde a quatro equipamentos para cada nove brasileiros. O fator econômico atua como principal causa. A cotação do dólar impulsiona as vendas, e a percepção de que o computador é importante para o dia a dia das pessoas é crescente.
“Desde que inauguramos a primeira unidade, há oito anos, a procura diminuiu. Atendíamos, em média, 300 clientes por mês e hoje são cerca de 200. Acredito que foi a facilidade de crédito e do acesso à internet que fizeram com que quase todos tenham um computador conectado em casa”, disse Adilson Santarelli, proprietário da Hally, lan house que tem duas unidades no ABC, uma em São Bernardo e outra em Diadema.
O estudo do CGI indica que 44% dos comércios inicialmente criados para abrigar serviços online já dividem espaço com atividades tradicionais, como assistência técnica, papelaria, copiadora e lanchonete, por exemplo. Entrar na web virou commodity para esses locais, que não querem se transformar na versão contemporânea das videolocadoras, praticamente extintas desde a popularização dos aparelhos domésticos.
“Com o passar do tempo, o pessoal foi diminuindo e tivemos que aperfeiçoar com máquinas de refrigerante, doces, recarga de celular e cartucho para impressoras”, afirmou Reinaldo Cesar Diniz, proprietário da lan house Enter.net, localizada no Rudge Ramos.
Muitas lan houses também auxiliam os usuários em serviços públicos via internet, atuando como uma espécie de Poupatempo informal. “Para não perder clientes, a gente faz consulta ao SPC [Serviço de Proteção ao Crédito], ao Serasa e checagem do Imposto de Renda”, contou Santarelli.
Mas o proprietário da Hally afirma apostar em um público diferente e não disponibiliza jogos online, o que, segundo o levantamento do CGI, corresponde a 92% da procura por lan houses, atrás somente da impressão, com 93%. “Jogos fazem muita bagunça entre os clientes. Como estamos no centro de São Bernardo, nosso público são pessoas que usam para o trabalho”, disse Santarelli.
A desempregada Fabiana de Fátima Paulino de Souza, 24, é o exemplo de frequentador da Hally. Ela tem computador e internet em casa, mas precisou usar o serviço para uma emergência. “A empresa em que fui fazer uma entrevista exigiu alguns documentos e vim aqui imprimir. Coisa bem rápida.”
Caroline Ramos, sócia da Mundo Net, em Santo André, acredita que a razão para a procura por serviços diversos seja a mudança de perfil dos frequentadores. “O público mudou. No começo, eram mais jovens e crianças. Hoje em dia, tem todos os perfis, desde quem vem para fazer trabalho de faculdade, até quem queira jogar”, contou.
Segundo a pesquisa do CGI, 82% das pessoas que vão a lan houses têm entre 25 e 34 anos. Cássia Mello, 32, faz parte deste grupo. A gerente de vendas utiliza os serviços de impressão de uma unidade em Diadema para economizar dinheiro. “Uso para imprimir grandes quantidades de documentos para o trabalho. Sai mais em conta pagar a lan house do que imprimir em casa”, explicou.
Já Wesley Fabrício Borges da Silva, 25, que trabalha como protético, é adepto às lan houses porque precisou cancelar o pacote da internet em casa por não caber no orçamento. “Vou duas vezes por semana e fico geralmente uma hora. Acesso meu e-mail, assisto vídeos e pesquiso alguma coisa.”
A Mundo Net de Santo André recebe mais de 1.000 pessoas semanalmente, número bem superior ao da média registrada pela pesquisa do CGI, em que 47% das lan houses disseram atender até 150 usuários por semana. “Ao todo, temos 20 computadores, mas alguns vão para a manutenção. Normalmente, a média é de 10 a 15 máquinas para atender os clientes”, afirmou Caroline.
A pesquisa do CGI ouviu 412 proprietários de lan houses em 120 municípios, nas cinco regiões do Brasil, em 2010. De acordo com o levantamento, 36% dos estabelecimentos concentram-se no Nordeste, 28% no Norte, 22% no Centro-Oeste, 8% no Sul e 6% no Sudeste. A margem de erro da pesquisa é de cinco pontos percentuais.
Redes Sociais – Segundo o levantamento do IBOPE, redes sociais, fóruns, blogs e páginas de relacionamento atingiram 39,3 milhões de acessos em agosto, o que corresponde a 87% dos internautas do Brasil.
No mês passado, a página do Facebook ultrapassou pela primeira vez em número de acessos o Orkut, que era considerado o maior site social no país. A criação de Mark Zuckenberg chegou a 30,9 milhões de usuários contra 29 milhões da rede filiada ao Google. O microblog Twitter manteve a tendência de crescimento, com 14,2 milhões de internautas.
De acordo com o mesmo estudo, a média que cada usuário brasileiro passou navegando em redes sociais foi de sete horas e 14 minutos no mês de agosto.