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22 FEV 2011

Governos autoritários deixam população sem acesso à internet






Jornal da Globo - 22/02/2011 - [ gif ]
Autor: Carla Modena
Assunto: Internet

Assim como no Egito, o governo da Líbia mandou cortar o acesso à internet para tentar sufocar os protestos. Entenda como um país pode ser desconectado e ficar sem internet.

As redes sociais têm sido uma das principais ferramentas usadas pelos manifestantes para convocar protestos contra os governos autoritários -- que reagem cortando o acesso à internet.

Ninguém consegue imaginar o mundo sem internet. Tirar o serviço do ar não é simples.
Mesmo assim há três semanas no Egito, o governo conseguiu. Mas como é possível desconectar um país? A explicação está na própria internet.

Ela é formada por pequenas redes conectadas entre si. Para a rede mundial funcionar, essas redes menores precisam se comunicar o tempo todo mostrando o caminho para cada uma delas.

Para derrubar uma rede, basta que ela deixe de se comunicar com as demais -- é como se ela deixasse de existir.

Foi o que aconteceu no Egito. Amparado na lei, o governo ordenou que as únicas cinco redes de conexão internacional parassem de "conversar" com o exterior. Assim os internautas não podiam mais acessar a rede mundial.

O exemplo do Egito foi seguido em tudo pela Líbia. No fim de semana, a população ficou sem acesso à rede mundial.

Assim como no Egito, o governo autoritário da Líbia mandou cortar o acesso à internet para tentar sufocar os protestos. Mas na Líbia, foi ainda mais fácil, porque o principal provedor é uma empresa estatal presidida pelo filho do ditador. Em Em democracias como o Brasil isso dificilmente aconteceria. O número de redes é muito maior -- existem cerca de 20 com conexão internacional.

“No Brasil que também tem uma economia extremamente moderna e provavelmente a estrutura de comunicações de TI mais complexa e amadurecida da região é extremamente complexo ter esse desligamento da internet”, explica Fernando Belfort.

Além disso, uma decisão dessa não cabe num estado democrático. “A nossa estrutura jurídica e de governo não permitiria que uma ordem por telefone fosse obedecida pelo provedor do porte de uma grande telefonica nacional ou uma grande companhia de telecomunicação e segundo até a geografia, a distribuição faria mais difícil de acontecer”, avisa o conselheiro do Comitê Gestor de Internet do Brasil, Demi Getschko.