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20 NOV 2000

Gestão do tráfego na Web e alocação de IPs em pauta no Comitê Gestor






Arquivo do Clipping 2000

Veículo: O Globo
Data: 20/11/2000
Assunto: reunião GT-ER

Um sistema mais dinâmico para o tráfego de dados e questões de alocação de IPs foram os principais temas discutidos na última reunião do Comitê Gestor da Internet, em São Paulo, este mês. A reunião, centralizada no Grupo de Trabalho de Engenharia e Operação de Redes (GT-ER) do comitê, começou tratando de PTTs (Pontos de Troca de Tráfego) no país e da "roteabilidade" da Web Brasil, abordando depois a segurança on-line.

Qual é a grande questão em torno dos PTTs? Segundo o coordenador do GT-ER, Marcelo Manta, é preciso começar do início. Nos Estados Unidos, onde há grandes backbones, a chamada "relação de trânsito" (em que um provedor, por exemplo, paga a uma Embratel pelo acesso Web) é diferente:

- Nenhum desses provedores gigantes paga ao outro, já que são muito grandes - explica. - Por isso, eles têm acordos entre iguais, conhecido com acordos de "peering" (da palavra inglesa "peer": colega, amigo). Esse tipo de acordo estabelece que os dois provedores se conectem, troquem tráfego e aproveitem ao máximo as conexões entre si. E o Ponto de Troca de Tráfego (PTT) é o local onde todos esses backbones se conectam, evitando que precisem ter um link individual para cada um de seus pares.

Segundo Manta, esse tipo de canal levou muito tempo para chegar ao país, o que, entre outras coisas, torna nosso acesso dedicado mais caro.

- Na Argentina, por exemplo, eles já têm isso há mais tempo e desenvolveram um PTT que proporcionou um grande aumento de tráfego nos backbones locais a ponto de o acesso à Web global ter ficado mais barato - conta. - Em outras palavras, pela falta de PTTs para estimular esse intercâmbio de dados no Brasil, o acesso dedicado aqui é cinco a dez vezes mais caro que nos EUA, enquanto o discado é mais barato devido à grande concorrência nessa modalidade.

Além disso, o ponto de troca eliminaria a possibilidade de um provedor mais forte ditar as regras do mercado. Por isso, o GTER considera saudáveis as iniciativas nesse sentido. Manta explica que há três iniciativas de PTT em andamento: uma já bem estabelecida em SP, que conta com a rede acadêmica e mais UOL, iG, Impsat, Unisys, Intelig, RealNetworks e Global One, todos interligados; uma no Rio, menor, em fase inicial; e uma terceira, ainda em fase de planejamento, para Belo Horizonte.

A segunda discussão tratou da melhoria da política de alocação de endereços IP:

- Trata-se de algo imprescindível, pois estamos trabalhando com um recurso finito - alerta Manta. - No Brasil, já houve alocação de 65% dos endereços IP, restando portanto 35% deles. Por isso, discutiu-se a melhor forma de distribuição, já que muitos provedores preferem alocar volumes de IPs maiores, enquanto o Registro.br tem que segurar isso, para que os IPs não acabem. É algo que tem de ser balanceado com cuidado. Um provedor de banda larga, por exemplo, já chegou a pedir um volume de IPs que tomava todos os 35% (!!), e tivemos de recusar, é claro.

Debateu-se ainda a questão da "roteabilidade" Web, isto é, a capacidade de determinada rede dentro da Internet ser acessada pelos outros, o que nem sempre ocorre no Brasil.

- A maneira como você programa seu roteador, sua rede, pode impedir que outros a acessem - diz Manta. - É necessário usar práticas conhecidas por todos para assegurar esse acesso. É preciso lembrar que, para outros países, o Brasil existe como uma coisa só, como um bloco, e ter isso funcionando corretamente é benéfico para nós.

Finalmente, a questão da segurança foi abordada numa apresentação do Grupo de Trabalho de Segurança do Comitê Gestor, que explicou como as empresas podem ter grupos de segurança de backbones realmente atuantes em seu interior. Na opinião de Marcelo, uma equipe atenta teria evitado episódios como o recente bloqueio do acesso brasileiro ao site da Nasa, bastando responder aos alertas feitos pela agência espacial americana.

Curso - O Grupo de Trabalho de Recursos Humanos (GTRH) do CGI.br dará um curso on-line de Gerência de Redes a partir do próximo dia 29.
Informações: http://penta2.ufrgs.br/gtrh/cursosgtrhger.html.