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06 MAI 2016

Fraudadores usam marca do Airbnb para aplicar golpe pela internet


Época - 04/05/2016 - [gif]


Autor: Paula Soprana
Assunto: Segurança na Internet

O Airbnb é uma plataforma de aluguéis residenciais de curta duração, com dois milhões de anúncios em 191 países. Usando o nome da marca, golpistas vêm tentando firmar contratos de longo prazo com interessados em outros sites de classificados, solicitando depósitos de adiantamento. Eles enviam e-mails falsos e copiam fotos e ofertas que estão anunciadas no site, mas buscam negociar sempre por fora dele.

Uma das formas de aplicar o golpe é: um cidadão (que pode ser estrangeiro ou fingir morar fora do país) copia uma oferta disponível no Airbnb (usando as mesmas descrições, localização e fotos) e anuncia na internet por um valor abaixo da média de mercado. Interessados entram em contato e o falso anunciante diz que não é possível visitar a residência, pois ninguém tem acesso ao apartamento no Brasil ou na cidade em questão, e ele só se deslocará até o país ou cidade em que o imóvel está caso haja real interesse. A fim de comprovar o real interesse, o fraudador solicita o pagamento de um contrato de longo prazo, por e-mail falso. Ele alega que o Airbnb servirá como intermediário e, caso o solicitante não goste do apartamento, a empresa reembolsará o valor. É mentira.

A  diretora de arte Vívian Cynamon, 31 anos, foi vítima do golpe recentemente. Ela já se hospedou pelo Airbnb na Holanda, na Escócia e no Canadá. "Todas as experiências foram muito legais. Nunca aconteceu de eu ter alguma dor de cabeça nas casas em que fiquei", diz a paulistana, que hoje reside no Canadá. No episódio da fraude, Vívian encontrou um apartamento bem localizado e com um preço acessível em Vancouver no site da Craigslist, uma rede online de anúncios gratuitos. O locador afirmou que poderia "segurar a oferta" caso ela pagasse o primeiro mês de aluguel. Dizendo estar em Londres, o fraudador garantiu que poderia enviar as chaves e o contrato para o Airbnb, que atestaria que a propriedade era sua, tudo orquestrado para a falsa segurança da vítima.

"Usamos essa companhia para ver se você  é uma pessoa confiável e séria. Eles proverão assistência na transação e farão a entrega do contrato", disse o falso anunciante, com nome fictício de Dennis. Para evitar ser descoberto, ele ainda alertou: "esteja ciente de que não é necessário você estar registrada no Airbnb para esta transação. Fiz cinco transferências com eles, são muito profissionais".

Vívian teria de dois a cinco dias para inspecionar o apartamento e, caso quisesse ficar, o "Airbnb liberaria o pagamento" para Dennis. Se ela não gostasse, o dinheiro seria reembolsado. Depois de pagar, ela recebeu a confirmação de que "as chaves estavam com a empresa", uma detalhada explicação sobre a transação financeira entre locador e hóspede e a falsa escritura da casa.

Ao fazer outro pagamento por meio de um serviço de transferência monetária internacional quase imediata, a Money Gram, um falso e-mail do Airbnb (airbnbrentals@tech-center.com) confirmou a transferência. Ela ainda recebeu um informe de "política de segurança" que solicitava um acréscimo de mais US$ 1 mil como precaução contra possíveis danos ao apartamento durante os dias de inspeção. A diretora de arte fez uma nova transferência.

"Depois disso, pararam de responder. Descobri o golpe quando meu namorado colocou o e-mail do falso Airbnb no Google e apareceu que era scam", relata. Ao final, Vívian fez dois boletins de ocorrência e perdeu R$ 7 mil.

Outra brasileira também foi alvo dos fraudadores, mas conseguiu evitar o prejuízo. "Basicamente, alguém clona um apartamento bonito do Airbnb e cria um anúncio irresistível numsite aberto", conta a jornalista Lenara Londero, 34 anos, de São Paulo. Quando ela questionou o preço baixo fixado para a oferta, o anunciante respondeu que, por não se adaptar ao Brasil e ir embora para o Reino Unido, decidiu alugar pelo "custo básico". Depois de solicitar um contrato de longo prazo, ele assegurou que não haveria perigo, que usaria o Airbnb como mediador (embora toda a negociação estivesse em andamento fora do site) e que assim que o depósito fosse efetuado, viria ao Brasil com as chaves. "Ele disse que se eu não gostasse do apartamento, o Airbnb reembolsaria", diz Lenara.

O apartamento, de fato, estava anunciado no Airbnb. O real proprietário confirmou que nunca ofereceu o imóvel em outro site.

A regra básica para evitar golpes que envolvam o nome do Airbnb é: jamais negociar fora do site da empresa. Sobre o reembolso: o Airbnb oferece essa segurança ao hóspede em casos específicos, mas contratos de mais de 28 dias só são reembolsáveis se cancelados com ao menos 30 dias antes da data prevista para a entrada, o que seria impossível neste caso. A política da marca destaca que o hóspede tem até 24 horas depois do check-in para avisar a empresa de possíveis problemas e ser reembolsado ou realocado, mas somente quando a transação for realizada no site.

As dicas do Airnb para não cair em truques são: fazer todas as transferências monetárias e contatos pela plataforma, usar o chat da ferramenta para se comunicar (uma equipe de apoio fica online 24h por dia) e analisar os comentários de outras pessoas sobre as características dos anúncios e dos anfitriões, que hoje servem como uma moeda de reputação. No caso do anfitrião, há uma garantia que cobre em até US$ 1 milhão qualquer avaria que ele possa ter em sua propriedade.

Em nota, a empresa lamenta os casos: "infelizmente, pessoas utilizam o renome do Airbnb para articular golpes pela internet. O Airbnb é extremamente focado em segurança e experiência, por isso conta com mais de 40 ferramentas de segurança".

As tentativas de fraudes envolvendo serviços de webmail e redes sociais aumentaram 19% em 2015, na comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br). De modo geral, as tentativas de fraude (incluindo sites de bancos, de comércio eletrônico, Cavalo de Troia e quebra de direitos autorais) diminuíram 64% na mesma comparação, totalizando 168.775 casos em 2015.