Domínio .ong gera credibilidade. Entenda como funciona.
Jornal do Commercio - 02/12/2015 - [gif]
Autor: Renato Mota
Assunto: Domínios
Nova extensão voltada a entidades do terceiro setor visa proporcionar confiança a possíveis doadores, uma vez que instituições devem comprovar atividades
Desconfiar de tudo que você vê na internet é uma prática saudável e até obrigatória nos dias de hoje, quando tudo é digital e o perigo se esconde à cada esquina. Mas e quando você depende da confiança do público para poder trabalhar, como inspirar credibilidade online. Para ajudar as Organizações não governamentais (ONG), a Public Interest Registry – empresa que opera o domínio de primeiro nível “.org” – criou um endereço específico para o terceiro setor.
A ideia é que só ONGs cadastradas em seus respectivos países possam usar o domínio com o final “.ong” ou “.ngo” (e suas variações em cirílico e chinês). De acordo com o CEO da Public Interest Registry, Brian Cute – que esteve recentemente no Recife para encontrar ONGs e empresas de tecnologia – o objetivo é levar segurança às pessoas que querem entrar em contato e contribuir com as entidades.
“Antes de lançarmos os novos domínios, viajamos ao redor do mundo e falamos com mais de 16 mil pessoas do setor para saber quais eram suas dificuldades. E em toda entrevista, eram citadas as necessidades de ter uma boa visibilidade online, de passar confiança para o público, para que pudessem se conectar de maneira mais fácil com os doadores”, afirma Cute.
Para ter um domínio “.ong”, a instituição terá que comprovar suas atividades através de um registro válido emitido pelo governo do país em que atua ou por outra organização de igual relevância. “Desta forma, só ONGs reconhecidas terão acesso ao endereço online. Os domínios ‘.org’ continuarão a servir como um domínio aberto que dá voz a qualquer pessoa, empresa ou organização para compartilhar suas causas, paixões e ideias”, completa Cute.
É um conceito semelhante ao que foi adotado no País pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br) para regulamentar os domínios de bancos, que passaram a utilizar também o endereço “b.br”, além do “com.br”. “Nossas pesquisas afirmam que um domínio de três letras, entretanto, é mais fácil de ser lembrado”, diz Cute. A Public Interest Registry é uma organização sem fins lucrativos que opera o domínio “.org” – o terceiro maior do mundo, com mais de 10,5 milhões de nomes de domínio registrados. Porém, o ingresso no endereço “.ong” e na OnGood não incluem os registros “.br”, que são administrados pelo CGI.br.
Além dos endereços exclusivos, a Public Interest Registry ainda lançou uma rede social para as ONGs do mundo todo, a OnGood – uma plataforma de serviços que inclui uma página de perfil para cada organização (com detalhes de contatos, missão, atuação e outras informações) e um botão que permite doações com apenas um clique. “Construímos esses serviços para quem quer ajudar com uma entidade, mas em muitos casos não conhece uma que atua próxima da sua casa, ou até tem conhecimento de uma instituição com atuação internacional, mas não sabe como contatá-la”, explica o CEO da Public Interest Registry.
No Brasil, o executivo aproveitou um encontro sobre governança na internet para conhecer ONGs que têm pouca ou nenhuma atuação online. “Já não é de agora que ou você possui presença na rede ou você não existe. E para instituições pequenas, ter um lugar online é mais importante ainda, já que dá a possibilidade de que pessoas ao redor do mundo conheçam seu trabalho e possam ajudá-lo. Nos últimos anos, a quantidade de doações online está crescendo e é uma onda que está só no começo. Em 2014, a média de doação de cada cidadão americano era de US$ 84, imagine o impacto disso em ONGs em países como o Brasil”, diz Cute.