Cuidados com a segurança
Arquivo do Clipping 2000
Veículo: Diário de Pernambuco
Data: 04/04/2000
Assunto: Segurança
Usuários de provedores gratuitos correm mais riscos de pirataria em suas caixas postais
Raquel Lima
Bem antes de iG, Super 11 e Tutopia acirrarem a concorrência no mercado de Internet, Zipmail, Hotmail, Yahoo! e Bol já ofereciam caixas-postais digitais de graça. O problema é que o precussor da onda de gratuitos na Internet mundial, o e-mail, também é pioneiro em falhas de segurança. Denúncias de mensagens perdidas e contas pirateadas chegam aos montes ao Comitê Gestor - que regulamenta a Internet Brasil - esquentando a polêmica sobre a qualidade dos serviços online a custo zero.A Panda Software denunciou, na última sexta-feira, que quem acessa o provedor de e-mails gratuito Hotmail (www.hotmail.com) com Internet Explorer está sendo hackeado. A empresa de segurança garante que hackers estão usando truques em JavaScript para roubar senhas. Problema que o Hotmail garantiu já ter solucionado.
A jornalista pernambucana Paula Fontenelle foi, também nas últimas semanas, vítima de um deslize do Brasil Online, o BOL (www.bol.com.br) - que acaba de ganhar, do júri popular, o prêmio iBest como melhor provedorde serviços online. Fontenelle teve sua conta pirateada. O invasor não só enviou mensagens agressivas para amigos da lista de e-mails da jornalista como se apoderou completamente de sua mailbox. "Nem checar e-mails eu posso mais. Quando digito meus login e senha, recebo a mensagem: sua caixa postal me pertence, talvez algum dia devolva para você".
Fontenelle e a colega de trabalho Suzana Maranhão, primeira a receber as tais mensagens piratas, enviaram e-mail ao BOL, pedindo ajuda. "A única resposta que recebi aconselhava Paula a mudar para uma senha mais difícil e só", declara Maranhão. "Não consigo acessar minha caixa postal nem para avisar aos amigos nem para eliminar meu cadastro".
Casos como o da pernambucana são conhecidos de cor por Raphael Mandarino, representante dos internautas no Comitê Gestor (www.cg. org.br). "As denúncias chegam aos montes e, como os provedores sempre se defendem alegando que as senhas são fáceis e podem ter sido usadas por conhecidos, os usuários acabam esquecendo os casos".
Esquecidos ou não, a opinião oficial defendida pelo Comitê Gestor é de que os provedores precisam assumir mais responsabilidades quanto aos serviços que oferecem. Os usuários, por sua vez, precisam de mais critério quanto aos contratos que assinam online ao se cadastrarem. "Existem milhões de provedores de acesso e e-mail gratuitos hoje. Cabe escolher os sérios, que não só estão preocupados em ostentar um número impossível de usuários".
Mandarino garante que o caso de Paula Fontenelle renderia uma denúncia no Procon. "O BOL é pelo menos cúmplice da invasão da privacidade dela. O IP é uma concessão e traz obrigações", dita. "A atitude do BOL foi lastimável. Enquanto provedor, ele tinha a obrigação de pelo menos rastrear o pirata e impedir sua ação pelo bloqueio de sua conta".
Mais do que pecar em segurança, o BOL pecou em suporte. Fontenelle lembra que o suporte que recebeu foi uma sugestão de mudança de senha. "Minha senha é difícil, numérica", acusa. Até o final desta edição, o BOL não se pronunciou oficialmente sobre o caso, apesar da mailbox continuar pirateada.
De olho na segurança de quem usa os serviços online, o Comitê Gestor lança, na próxima semana, uma campanha para cadastrar os provedores tupiniquins - gratuitos ou não. O preenchimento do formulário, completamente online, não é obrigatório. A política do CGI.br é um policiamento positivo. "Os usuários saberão que o provedor que se cadastrar terá idoneidade a seu favor", diz Mandarino. O formulário tornará provedores totalmente acessíveis, com nome, telefone e endereço dos responsáveis.
