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21 NOV 2018

Conexão entre as cidades e as tecnologias da comunicação é tema de debate


ABC do ABC - 19/11/2018 - [gif]


Assunto: Tecnologias da Informação e Comunicação

A edição deste mês do Brechas Urbanas, acontece no dia 21 de novembro (quarta-feira), às 20h, no Itaú Cultural

Dessa vez, o debate mensal promovido pelo instituto gira em torno do tema A Cidade Refletida nas Telas e aborda os efeitos das tecnologias de comunicação na vivência das pessoas e na elaboração das cidades. O professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), membro do Conselho Científico da ABCiber e do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Sergio Amadeo da Silveira, que também já presidiu o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, é um dos convidados para refletir sobre esta questão junto ao público. O outro participante é o artista e pesquisador em mídias digitais, doutorando na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e professor no curso de Artes Visuais na FAAP, em São Paulo, Lucas Bambozzi. A mediação é da jornalista Natália Garcia.

Sobre a escolha do tema, o Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural, responsável pela atividade, pontua que não é mais possível pensar a vida social sem considerar os efeitos das tecnologias de comunicação que despontaram no fim do século XX e início do XXI. Elas modificaram profundamente a forma como os indivíduos se relacionam entre si e com o entorno. Pensar nesta questão a partir das cidades significa refletir qual é o impacto dessa conexão na sociabilidade e na construção de sociedades mais democráticas.

Amadeo, orienta seu posicionamento em três eixos, que, segundo ele precisam ser abordados para que se compreenda o alcance desse assunto. O primeiro passa pelo uso desses dispositivos no cotidiano e pelas práticas culturais que vão sendo alteradas quando essas tecnologias entram na vida das pessoas. Um exemplo é o Waze, utilizado para traçar caminhos no transito. “Cada vez se memoriza menos a cidade. As pessoas passam a se conectar mais e com mais frequência neste aplicativo e passam também a ter um deslocamento mais dirigido pelo aparelho, criando uma maior dependência deles”, observa. “Essa dinâmica, portanto, acaba modificando não apenas a relação que se trava com a cidade, mas também com a própria memória”, conclui o pesquisador.

O segundo aspecto ressaltado por ele é o de vigilância e controle. “Essas tecnologias tornam as pessoas mais comunicativas, ágeis, com conectividade gigantesca, mas geram um processo de maior controle de governos e corporações na extração de dados pessoais. ” Esta outra vertente de análise demonstra uma preocupação com as transformações políticas que vêm junto das facilidades de conexão e não são debatidas como deveriam entre as pessoas e o poder público. “Essas telas precisam ser decodificadas socialmente. As pessoas precisam saber que elas trazem benefícios e malefícios. É necessário reduzir o que pode nos controlar para construir sociedades mais democráticas e menos totalitárias”.

O terceiro pilar dessa discussão levantada por Amadeo é a inteligência artificial. Qual é o aprendizado que uma máquina deve ter para que não se construam sociedades totalitárias, tecnologicamente avançadas, mas socialmente empobrecidas? O fenômeno das fake news nesta eleição pode ser relacionado a essa questão. “Vimos a anulação dos parâmetros de realidade, do debate e da tentativa de se pensar sobre algo. A permanência do uso das tecnologias não para garantir a diversidade, mas o autoritarismo,” assinala o pesquisador. “Precisamos reconfigurar o uso dessas redes. Elas não podem ser o policiamento totalitário do que o outro pensa ou quer, ” finaliza ele, autor de, entre outros títulos, Tudo sobre tod@s: Redes digitais, privacidade e venda de dados pessoais, lançado no ano passado.

Já Lucas Bambozzi, entende a tecnologia da informação para além daquilo que está nas telas. Ele cita a Avenida Paulista, que acumula antenas de transmissão, formadas por sistemas técnicos de comunicação. “São coisas invisíveis. Elementos não explícitos do espaço informacional, além das telas visíveis. ” Em seu trabalho ele une essa perspectiva às artes visuais e à arquitetura.

O professor da FAAP relembra, como exemplo dessa interação entre campos distintos, o projeto Visualismo, realizado no Rio de Janeiro, do qual participou como curador. Definido como um encontro para discutir os desafios da apropriação do espaço público e as perspectivas do suporte tecnológico para manifestações artísticas, reuniu 20 artistas que apresentaram projetos visuais na praça Mauá para explicitar questões ligadas às novas formas de ocupação desse espaço, que vem sendo gentrificado.

Sobre o Brechas Urbanas

O Brechas Urbanas foi criado a partir da aposta do Itaú Cultural de que é cada vez mais urgente repensar a vida nas cidades, tendo a arte como elemento transformador potente nesta reflexão.

“Essa pesquisa proporcionada pelos encontros nos move a propor inovações no mundo contemporâneo”, acredita Ana de Fátima Sousa, gerente do Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural, que também assina a curadoria da programação.

Para Natália Garcia, do Cidades para Pessoas, que interpreta e experimenta ideias para cidades mais humanas, a ideia é fazer dos encontros um espaço para debater o que está por ser inventado e por ser criado dentro das ações na cidade. “Por isso convidamos artistas que estão envolvidos com essas criações e com essas ações na prática, fora da academia”, explica.

Brechas Urbanas tem a proposta de reunir mensalmente representantes de diversas áreas da arte e da cultura para fazer uma reflexão atual e propositiva sobre a vida na cidade. Além da transmissão ao vivo do programa, também com interpretação em Libras, o Itaú Cultural disponibiliza todos os eventos do gênero já realizados no endereço: https://www.itaucultural.org.br/secoes/videos.

Sobre os participantes

Lucas Bambozzi é artista e pesquisador em mídias digitais. Trabalha em meios como vídeo, filme, instalação, obras site-specific, performances audiovisuais e projetos interativos. Seus trabalhos já foram mostrados em mais de 40 países. Foi curador do Sónar SP, em 2004, Life Goes Mobile, 2004-2005, ON_OFF, no Itaú Cultural 2012-2017, do projeto Multitude, em 2014, e do Visualismo, Arte, Tecnologia, Cidade, em 2015. É um dos criadores do Arte.mov festival de arte em mídias móveis, 2006-2012, do Labmovel, 2012-2016, e do AVXLab, 2017, e Prenúncios + Catástrofes, no Sesc Pompeia, em 2018.

Foi artista residente no Caiia-Star Centre/i-Dat e concluiu seu Mphil na universidade de Plymouth, Inglaterra. É doutorando na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) e professor no curso de Artes Visuais na FAAP, em São Paulo. Dedica-se à exploração de novos formatos de arte envolvendo meios de comunicação com ênfase em projetos envolvendo campos informacionais em espaço públicos.

Sergio Amadeu da Silveira é professor da Universidade Federal do ABC (UFABC). Doutor em Ciência Política pela USP. Membro do Conselho Científico da ABCiber. Membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil. Foi presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação.

Natalia Garcia é jornalista, ela utiliza a profissão como ferramenta para investigar cidades. É criadora da comunidade Cidades para Pessoas, representa a embaixada brasileira da rede global de Urban Maker Pakhuis, de Zwijger, é mediadora do Brechas Urbanas (Itaú Cultural) e já expôs seu trabalho no Instituto Amani, TEDx, revista Superinteressante, Instituto Goethe, SP Urbanismo, Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Fiat, entre outros. Em todos esses trabalhos, Natália se dedica a investigar, comunicar e implementar ações práticas que melhorem a vida no planeta.

SERVIÇO:
Brechas Urbanas – A Cidade Refletida nas Telas
Com Lucas Bambozzi e Sérgio Amadeu
Dia 21 de novembro, às 20h
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: Livre
Sala Multiúso
100 lugares
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: duas horas antes do evento | com direito a um acompanhante
Público não preferencial: uma hora antes do evento | um ingresso por pessoa
Interpretação em Libras
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô