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21 DEZ 1999

Comitê Gestor da Internet, a constituinte da rede mundial 






Arquivo do Clipping 1999

Veículo: Correio Braziliense
Data: 21/12/1999
Assunto: reunião CG

Muito se fala da democracia na Internet, a comunicação sem censuras ou pressões políticas. Vale tudo. Mas as coisas não são tão bagunçadas assim. Pirataria de software, hackers, pedofilia e sites com conteúdos de violência são uma incômoda realidade conseqüente da tal liberdade de expressão no mundo virtual. Por isso, vários países têm associações responsáveis por controlar o que acontece na web, quem está vendo o quê e as mudanças tecnológicas.

O órgão responsável por isso tudo no Brasil é o Comitê Gestor da Internet, uma entidade muito conhecida mas pouco explicada. O grupo foi rearranjado no fim de novembro, e aumentou de 9 para 12 membros, representantes de ministérios, usuários, provedores e empresas de telecomunicações. Ivan Moura Campos, um dos membros da formação original de 1995, volta à coordenação do comitê representando o Ministério da Ciência e Tecnologia. A primeira reunião, no dia 9 passado, deixou o representante dos usuários da Internet, Raphael Mandarino Jr., entusiasmado: "A equipe é muito motivada e pensa nas grandes decisões da web no país".

Um dos três membros residentes no Distrito Federal - os outros dois são Manuel Fernando Louzada Soares, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e Eduardo Tadao Takahashi, do CNPq - , Mandarino diz que a reunião deixou clara a nova mentalidade do grupo, de deixar de lado as decisões locais e detalhistas, e partir para o que realmente pode mudar a Internet no Brasil.

Uma das idéias é contratar empresas de estudos técnicos para descobrir onde estão no país as fontes de tecnologia que podem ajudar no desenvolvimento da rede. Todas as decisões e temas do Comitê serão disponibilizados em consulta pública, e um fórum de usuários deverá ser criado "para discutir, por exemplo, como o desenvolvimento do comércio via rede entre empresas (o business-to-business) pode afetar o usuário comum", segundo Mandarino. Já existe um fórum semelhante no site da Associação Nacional de Usuários da Internet, também presidida por Raphael (www.anui.org.br).

Entre as atribuições e ações do Comitê Gestor, a mais evidente e conhecida foi a criação dos domínios para profissionais liberais. Em outras palavras, é o fim da generalização do .com em todos os endereços de sites nacionais, e a possibilidade de que um advogado, por exemplo, seja facilmente identificável pela terminação .adv.br no endereço, jornalistas como .jor.br, especialistas em informática como .eti.br e assim por diante. Em várias reuniões, ainda hoje, o comitê cria mais algum tipo especial de domínio. Quem se interessa pelo diferencial, paga R$ 50,00 para registrar o site e mais R$ 50,00 por ano de manutenção.

Com o dinheiro do registro dos sites e outros serviços, o Comitê Gestor se mantém independente do governo, apesar de ter seus membros nomeados por portarias interministeriais. Além desses integrantes, o comitê tem entre 30 e 40 funcionários espalhados pelo país, principalmente em São Paulo. Também tem grupos de trabalhos divididos em Engenharia e Operação de Redes, Segurança de Redes, Formação de Recursos Humanos e Economia de Redes, e desenvolve a integração do Brasil à Internet 2 e outras novas tecnologias.

O serviço de atendimento ao internauta existe e é feito por uma única pessoa: Robson Almeida, que recebe cerca de 30 telefonemas e e-mails em determinados dias. Ele garante que todos são encaminhados para as listas de discussões das reuniões do comitê. "Tem de tudo, de problemas de segurança das redes até o que é preciso para montar um provedor", declara Robson. Empresas que tenham suas redes invadidas por hackers através da Internet também podem contar com o apoio do comitê na resolução do problema, e os internautas podem ainda contribuir com críticas, sugestões e reclamações.