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29 JAN 2001

BulkRegister Brasil faz intermediação para o registro de domínios .com.br






Arquivo do Clipping 2001

Veículo: O Globo
Data: 29/01/2001
Assunto: registro de domínios

André Machado

A questão dos domínios no Brasil permanece em debate. Além da polêmica entre a CertiSign e o Comitê Gestor da Internet sobre o possível registro de nomes de domínio numa base de dados privada (abordada na edição passada), há também o trabalho de empresas que se oferecem para fazer registros em nome de seus clientes - o que o Comitê Gestor classifica como "ciberdespachos".

Um exemplo é a BulkRegister Brasil. Ela já registra domínios .com, .org e .net, e agora está atuando como uma espécie de intermediária para usuários finais e empresas que desejem registrar nomes de domínios .com.br. A coisa funciona assim: o cliente solicita o registro e a BulkRegister o efetua dentro do site Registro.br, da Fapesp.

- Para alguém conseguir obter hoje o registro no Registro.br, precisa fazer a configuração dos servidores de DNS. É obrigatório que se tenha essa situação resolvida em até 14 dias, do contrário quem requereu o domínio corre o risco de perder o registro - afirma a vice-presidente da empresa, Cristiana Parada. - Um usuário comum precisa contratar este serviço, despendendo aí por vezes mais de R$ 100. E há empresas que cobram taxas mensais de manutenção. Nós oferecemos nossos servidores gratuitamente. O cliente paga o valor do domínio (R$ 148).

Segundo Cristiana, o usuário deve se inscrever em seu site <www.bulkregisterbrasil.com> e criar uma conta própria. A partir daí, ele recebe uma identidade e uma senha para solicitar o registro de um domínio (antes do qual deve depositar o valor do mesmo), que é processado pela BulkRegister em back-office. O usuário recebe a confirmação do registro via e-mail.

A empresa oferece ainda para registro os domínios .la (para a América Latina - Latin America, ou LA, em inglês), cujos direitos foram comprados do Laos.

Para o Comitê Gestor, esse tipo de serviço nada mais é que o de um ciberdespachante, como tantos outros credenciados pela Icann, que administra a Web no mundo. Segundo Ivan Moura Campos, coordenador do CGI.br e diretor da Icann, não há qualquer relação oficial entre a BulkRegister e a Fapesp, a quem o comitê delegou os registros no país:

- Não há ninguém credenciado pelo Comitê Gestor a ser ciberdespachante. Nós não temos representante, nem intermediário, nem despachante, nem nada. E por uma razão muito simples: porque não precisamos. Agora, não se pode impedir que as pessoas se ofereçam para prestar serviços a terceiros - diz. - Além do mais, como o serviço da BulkRegister pode ser mais rápido se tem que passar pelo Registro.br? Não dá. E não há no processo complexidade nenhuma, em minha opinião, que justifique isso. As informações que alguém terá de dar a eles são as mesmas que dará a mim. É questão de opção. É como no Detran. A pessoa pode ir até lá tirar carteira de motorista, segunda via, etc. Tem gente que vai. Tem gente que prefere pagar um despachante para fazer tudo em seu lugar. Isso fica a critério de cada um.

Moura Campos acrescenta que é preciso ficar alerta quando se faz registros via intermediários:

- Quando o indivíduo contrata uma empresa para registrar um domínio, precisa verificar em nome de quem isso está sendo registrado - afirma. - Há muitos casos em que o internauta, por exemplo, tem um provedor de acesso que hospeda seu site pessoal. E a empresa diz: deixe comigo, eu registro para você seu nome de domínio. Então a pessoa cria seu negócio, a coisa começa a dar certo, etc. Um belo dia, você decide vender seu negócio e descobre que o nome de domínio foi registrado em nome do seu provedor... e não é mais seu. Então, existe um cuidado a tomar quando se vai usar um intermediário. Pois o intermediário pode estar registrando para você, mas em nome dele.

Cristiana Parada enfatiza que este não é o modelo de negócio da BulkRegister:

- A propriedade do nome de domínio registrado é toda do cliente - garante.

Quanto ao debate sobre a entrada da iniciativa privada no registro de ccTLDs (country-code Top Level Domains) - enfaticamente rechaçada pelo CGI.br, segundo o qual a existência de mais de uma base de dados seria um erro técnico grave - ela discorda:

- Há espaço para um modelo de bases de dados distribuídas - acredita. - A central, no registry, mais técnica, e os dados dos usuários num registrar.