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14 JUN 2019

Acesso à arte pela tecnologia


Folha de Londrina - 13/6/2019 - [gif]


Autor: Mie Francine Chiba
Assunto: TIC Cultura 2018

Falta de financiamento e de pessoal dificulta o trabalho de digitalização de acervos dos museus, diz pesquisa

Segundo a pesquisa TIC Cultura 2018, realizada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), 61% dos museus entrevistados possuem digitalização de acervos. Porém, apenas uma pequena parcela dos acervos dessas instituições está digitalizada. Além disso, os acervos digitalizados ficam disponíveis ao público mais no local que pela internet, indicando que a prática é mais utilizada para a preservação dos materiais que para a sua disseminação. A disponibilização dos catálogos do acervo on-line é realizada por apenas 15% dos museus. A pesquisa também revelou que apenas 10% dos museus oferecem em seus websites a possibilidade de visita virtual.

O objetivo da TIC Cultura é investigar como a tecnologia está sendo usada pelas instituições culturais, tendo em vista o potencial dessa ferramenta para ampliar o acesso à cultura, explica Luciana Lima, coordenadora da pesquisa. De acordo com ela, a maioria das instituições culturais responderam que a falta de financiamento e a falta de pessoal qualificado são a principais dificuldades para a digitalização do acervo. “A gente entende que a tecnologia é uma forma de ampliar o acesso à cultura, mas que ainda é pouco utilizada pelas instituições culturais”, finaliza Lima.

Por meio do Google Street View, é possível fazer uma visita virtual ao Museu Histórico de Londrina, que também tem suas plantas e projeto paisagístico catalogado em um aplicativo, o e-Flora Museu. Mas apenas uma pequena parcela do acervo do museu está digitalizada e disponibilizada ao público. A falta de recursos financeiros é apontada como o principal entrave.

Depois que parou de receber as verbas anuais que vinham da UEL (Universidade Estadual de Londrina), à qual é vinculada, o Museu passou a depender da aprovação de projetos em editais, recursos levantados pela Asam (Associação dos Amigos do Museu Histórico de Londrina) e da ajuda de doadores para poder dar continuidade ao trabalho. O último projeto, aprovado pelo Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), foi o de digitalização de cerca de 20 mil fotografias e negativos históricos de Londrina, já disponíveis na plataforma Pergamum.

Segundo a diretora acadêmica do Museu Histórico de Londrina, Edméia Ribeiro, o que o Museu mais precisa é de pessoas para trabalhar na digitalização do acervo, que também inclui objetos, documentos, livros e periódicos. Os recursos captados com os projetos servem para pagar bolsas de estudos para estagiários. Mas o Museu também não conta com equipamentos para digitalização de jornais, de microfilmes e de negativos, por exemplo.

Ao buscar meios de digitalizar o acervo, a preocupação maior do Museu Histórico de Londrina não é com a sua preservação dos seus itens, diz a diretora acadêmica, Edméia Ribeiro. “Temos os equipamentos necessários e o ambiente propício para a conservação do acervo. A preocupação maior é em ter um acervo democratizado. Disponibilizá-lo é uma maneira de democratizar o acesso a ele por qualquer pessoa.”

Embora já possua um inventário digital de todo o acervo para uso interno, o Museu de Arte de Londrina hoje dá prioridade à revitalização de sua estrutura física, que está bastante comprometida. A ordem de serviço para o início da reforma deve sair nos próximos dias. Passada essa fase, que deve durar oito meses, o secretário municipal de Cultura, Caio Cesaro, disse que vai avaliar a melhor tecnologia para oferecer ao público o acervo digital, bem como um tour virtual pelo museu.

Preço alto

Para Paulo Vicelli, diretor de Relações Institucionais da Pinacoteca de São Paulo, o uso da tecnologia é uma decisão institucional que também deve levar em consideração a questão financeira. “Isso (tecnologia) é muito caro. Eu só consigo fazer porque tenho parceiros.” A Inteligência Artificial e o aplicativo são exemplos de ferramentas que custaram caro à instituição. “E aí  outro desafio é como eu me mantenho atualizado, porque o aplicativo que lancei em 2012 já joguei fora, já estou com outro. O Spotify de hoje talvez não seja o de amanhã. Mesmo essas obras (disponíveis no Google Arts & Culture), a qualidade de quando a gente lançou lá atrás já foi ultrapassada, então precisou refazer.”