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02 AGO 2007

Usuário facilita propagação do mal






Veículo: UAI
Data: 02/08/2007
Assunto: Spam

A falta de cuidado ou mesmo de conhecimento dos usuários é a principal brecha usada por spamers para o envio de mensagens maliciosas e, mais que isso, para garantir seu anonimato. A pesquisa realizada pela Comissão de Trabalho Anti-Spam (CT-Spam) do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) mostrou que, do total de spams que circulam no país, mais da metade usou recursos de redes abertas das máquinas de outros usuários para se difundir.

Somente em junho, segundo o estudo, 55,95% dessas mensagens foram enviadas de computadores invadidos, que estavam com proxies abertos. Proxy é um recurso que permite a uma máquina funcionar como intermediária entre outro PC e uma rede. O mais comum é proxy de web, mas também existem proxies de e-mail, VoIP e outros serviços. "Normalmente, nos softwares que um usuário normal usa para criar uma rede em casa, o proxy vem configurado para ficar aberto", salienta a pesquisadora Cristine Hoepers, do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança (Cert) do CGI.br.

Segundo Cristine, nos anos anteriores, os proxies abertos eram usados em 20% a 30% dos casos de spam detectados pelas entidades de monitoramento da praga. Em janeiro, 27,59% das controladas durante o levantamento da CT-Spam tiveram origem em proxies abertos. O uso do recurso cresceu de forma acelerada durante o ano e, em junho, esse recurso foi responsável pela origem de 55,95% das mensagens eletrônicas de massa. Para Cristine, a artimanha atinge "principalmente usuários de banda larga, que cresceram muito no país e, às vezes, não têm o cuidado ou mesmo o conhecimento técnico de restringir o acesso ao proxy".

O principal benefício dessa estratégia, para os spamers, é dificultar a identificação da origem das mensagens. "As pessoas que enviam essas mensagens exploram os proxies abertos para garantir o anonimato", explica Cristine. Com o uso do proxy da máquina de um internauta brasileiro, por exemplo, um spamer norte-americano consegue distribuir suas mensagens como se elas tivessem origem no Brasil.

Esse recurso também possibilita que os principais responsáveis pelas mensagens indesejadas consigam enviá-las driblando as listas negras das entidades e empresas de segurança eletrônica, que bloqueiam a correspondência desses remetentes. "Para um efetivo combate do anonimato, são necessários projetos complementares, incluindo uma legislação específica, cuidados do usuário e um mínimo de conhecimento técnico, para não deixar as redes abertas", avalia Cristine.

Endereços
Além de verificar o uso de máquinas alheias para o envio de spams, o CGI.br detectou também que os 370 milhões de mensagens indesejadas que chegaram aos sensores da entidade em 325 dias partiram de 160 mil endereços IPs em 157 países diferentes. Endereço IP - da sigla internet protocol, ou protocolo de internet - é um código único que identifica cada um dos dispositivos conectados à rede. "Algumas entidades nos informavam que havia uma quantidade grande de spams que saía do Brasil. Agora, conseguimos identificar realmente a origem", conta

Pelo levantamento, o Brasil está em 9º lugar no ranking de origem dos spams, com apenas 0,17% das mensagens (642,4 mil e-mails). O número está muito longe do registrado em Taiwan, por exemplo, que encabeça a lista como a origem de 76,05% dos e-mails indesejados, equivalentes a 281,6 milhões de mensagens. Em seguida vem a China, que responde por 15,91% do total (58,9 milhões de e-mails), Estados Unidos, com 4,03% dos spams (14,9 milhões) e Canadá, de onde saíram 6,6 milhões de mensagens, ou 1,8% do total. Cristine Hoepers afirma que, agora, os dados coletados serão analisados para um aprofundamento da medição. "Vamos examinar conteúdos e verificar se há alguma relação da origem e destino dos spams com o idioma, as URLs e o tipo de mensagem. Isso nos dará uma visão muito mais abrangente do problema", conclui.