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12 DEZ 2017

Unicef diz que 70% dos jovens do mundo têm acesso à internet


Jornal Nacional - 12/12/2017 - [gif]


Assunto: Indicadores Cetic.br

Mas relatório mostra que pouco é feito para proteger jovens e crianças das ameaças digitais; 42% dos jovens aprenderam a usar a internet sozinhos.

Um relatório do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, apurou que 70% dos jovens do mundo têm acesso à internet e a todos os riscos dessa exposição ao mundo digital.

A vista é de uma comunidade da Zona Sul de São Paulo. A janela é de um projeto social que atende 130 crianças que moram nas vielas próximas de lá. Só que, mesmo em uma região com menos oportunidades do que outras na cidade grande, se a gente virar para essa molecada e fizer a seguinte pergunta: “Quem é que tem acesso à internet em casa levanta a mão?”, a resposta é essa.

Em casa e em tudo que é lugar, porque a maioria tem celular com internet móvel. Quem não tem usa o que estiver mais perto.

Repórter: Você tem celular?
Menino: Não.
Repórter: Mas você usa?
Menino: Uso o da minha mãe.

A convocação para eles se encontrarem é sempre por mensagem de texto e a aglomeração ao redor do laptop é para discutir a criação de um site que vai reunir todas as informações que o projeto precisa dividir com a molecada e com toda a comunidade. Essa realidade reflete bem um relatório que a Unicef acabou de divulgar. O documento diz que, em média, sete em cada dez jovens do mundo tem acesso à internet. O que é muito bom, claro.

“É por meio da internet que elas têm acesso a muitas oportunidades no mundo delas. Então desde oportunidades de informação, de engajamento, de buscas de oportunidade de cursos e trabalhos. Então, a internet se coloca realmente como um ponto central na vida dessa população” afirma Maria Eugênia Sozio, coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil.

Mas também pode ser muito arriscado, porque, quando eles têm acesso, é acesso a tudo mesmo. E quando essas informações estão literalmente na mão deles, fica difícil alguém facilitar ou vigiar esse acesso. Assim, 42% dos jovens do mundo aprenderam a usar a internet sozinhos e isso sim pode ser bem perigoso. É o Unicef quem diz isso, porque o relatório concluiu o que muitos pais já imaginam: que a internet deixa os jovens mais vulneráveis à exposição de dados pessoais, a conteúdos que só vão fazer mal e podem até incentivar o cyberbullying, o tráfico e a pornografia.

“Hoje, a internet, o uso da internet por crianças e adolescentes é uma preocupação que o Unicef tem, tanto para garantir o acesso como para protegê-los dessas formas de violação de direitos”, diz Mário Volpi, coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef no Brasil.

É justamente a briga digital diária do projeto da comunidade da Zona Sul de São Paulo.

“Você não pode negar essa realidade. A realidade é: as pessoas vão entrar na internet. Então, de que maneira a gente pode trabalhar isso melhor? Isso que a gente busca isso daqui, principalmente”, diz o professor de jiu-jitsu Danilo Délia.

É uma maneira de ir preparando até quem ainda vai chegar, porque um terço dos jovens do Brasil e do mundo ainda não estão online. Segundo o relatório, garantir mais qualidade na rede para quem já está "#conectado" ou ainda vai se conectar é um dos maiores desafios digitais dos poderes públicos.

“Unicef está preocupado sempre com essas duas perspectivas, de garantir que elas possam usufruir ao máximo do potencial que a internet representa para o seu desenvolvimento. Mas que elas sejam protegidas pela própria família, pelo estado, pelas autoridades e pela comunidade internacional”, afirma Volpi.