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12 ABR 2017

Seminário aborda a infância e a adolescência na era digital


Rebrinc - 12/04/2017 - [gif]


Autor: Cecília Mattos Mueller
Assunto: Seminário "Crianças e Adolescentes na Era Digital"

O Seminário ‘Crianças e Adolescentes na era digital: novas perspectivas para as políticas públicas’, realizado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef e pela SaferNet Brasil, com apoio do Instituto Alana, aconteceu no dia 4 de abril de 2017 em São Paulo.

Os objetivos desse evento, que reuniu pesquisadores nacionais e internacionais, além de atores do Governo Federal, da sociedade civil e do setor privado, foram: promover uma troca de experiências na produção de conhecimento sobre crianças e adolescentes no mundo digital; pautar as evidências coletadas em pesquisas; e fomentar as tratativas de políticas públicas relacionadas ao tema.

A Rede Brasileira Infância e Consumo, Rebrinc, esteve no seminário e diante da interessante pauta sugerida no evento, destacamos aqui alguns nomes presentes e as questões levantadas por lá:

Mario Volpi (Unicef) destacou dois objetivos a serem atingidos quando se fala de crianças e adolescentes na era digital: a necessidade de ampliação de acesso à internet a todos eles, e de redimensionamento do tempo de uso deles na internet.

Sonia Livingstone (London School of Economics and Political Science, autora de mais de 20 livros sobre infância, educação, comunicação, e uma das principais cabeças do Global Kids Online) teve destaque especial no evento, cuja contribuição não foi apenas em apresentar um panorama geral sobre os dados de pesquisa que vem sendo coletados acerca da internet na vida das crianças e jovens pelo mundo, mas também em questionar sobre a agenda brasileira para a formulação de políticas públicas que abordem os 3 P na era digital (Proteção, Provisão, Participação).

Blas Fernandéz (Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales – FLACSO – Argentina) falou sobre o uso das tecnologias digitais entre as crianças e jovens e o recorte de gênero, alertando que as pesquisas lá iniciadas não observaram diferença significativa de gênero em relação a acessos, dispositivos utilizados, usos e conteúdos acessados.

Inês Silvia Vitorino Sampaio (Universidade Federal do Ceará – UFC) abordou o tema ‘Publicidade infantil em tempos de convergência’ mostrando as evidências da presença marcante das mídias na vida das crianças e suas consequências, alertando também para as tendências de intensificação dos processos de conectividade, mobilidade e de privatização do acesso à internet.

Danilo Doneda (Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ) mostrou sua preocupação com a persuasão invasiva das mídias, com os brinquedos que brincam sozinhos, com as plataformas digitais e aplicativos, todas essas distrações que correm o risco de serem as responsáveis pelo aumento do abismo que está se formando entre criança e os pais e pela morte da herança social.

Maria Eugenia Sozio (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação – Cetic.br) mostrou as novas evidências e inovações metodológicas em pesquisas do Kids Online Brasil (com e sobre as crianças), e que estas podem encaminhar respostas às novas políticas públicas necessárias nesse cenário.

Ellen Helsper (London School of Economics and Political Science) provocou as discussões em torno da questão: ‘como a agenda de direitos humanos está separando as crianças por grupos e por assuntos de interesse? E falou ainda sobre o empoderamento das crianças quando essas têm garantido o acesso digital e o respeito aos seus direitos.

Heloiza de Almeida Prado Botelho Egas (Coordenadora-Geral de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes – Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Ministério dos Direitos Humanos) apontou uma questão pouco explorada em debates dessa natureza (aqueles que envolvem a era digital), afirmando que a internet tem que ser vista sim como um direito humano, mas que também existem outros direitos na infância e na adolescência: o direito de brincar e o direito de não fazer nada, por exemplo. Pois, quando esse jovem virar um adulto, não clamaremos apenas por um bom entrosamento deste com o campo das tecnologias, mas também com o campo das relações humanas.

Gabriela Goulart (Programa de Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef) fechou pedindo que saiamos de vez dessa fase mais exploratória para uma fase, de fato, mais propositiva em relação às políticas públicas para uma internet mais segura na vida das pessoas.

Viviane Rozolen (Equipe de Trust & Safety – Google Brasil), em contrapartida, mostrou as políticas que o Google Brasil vem adotando para contribuir com a disseminação da informação em relação à segurança e privacidade na internet.

Estes foram alguns pontos tratados no Seminário ‘Crianças e Adolescentes na era digital: novas perspectivas para as políticas públicas’. Todos preocupados em contribuir, mostrar seus resultados de pesquisa, seus pontos de vista…

…Mas, ficou claro que todos nós temos muito trabalho a fazer ainda, e conjuntamente: o Poder Público, o privado, o empresariado, os sistemas educacionais, a sociedade civil, a família. Como as políticas públicas acabam respondendo posteriormente aos fatos ocorridos (dentro dessa temática tão dinâmica e complexa) na nossa sociedade, cabe a todos então tomar a frente para que consigamos alcançar resultados positivos em relação ao tema ‘Internet na vida das crianças e adolescentes’ (e de uma maneira mais ampla, a Internet da vida das pessoas).

E como já falamos anteriormente em outros dois momentos aqui pela Rebrinc (veja links abaixo), “se nos interessarmos desde sempre pela vida offline dos filhos será muito mais fácil ter acesso ao que acontece na vida online deles”, para aí sim, saber no que e como orientá-los nessa jornada digital que veio para ficar.