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31 JUL 2017

Satélite brasileiro leva banda larga às regiões remotas de MT e do Brasil


Circuito MT - 30/07/2017 - [gif]


Autor: Felipe Leonel
Assunto: Simet

Sistema deve entrar em comercialização a partir do mês de outubro deste ano e custará até 10 vezes menos que o sistema tradicional via fibra ótica

Ao custo de R$ 3,1 bilhões, o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGCD), vai “iluminar” as regiões mais remotas do Estado de Mato Grosso e do Brasil com internet banda larga de altíssima velocidade. O teste do sistema deve ser encerrado em setembro de 2017 e a comercialização acontecerá a partir do mês de outubro.

As informações são do assessor especial do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), José Augusto Curvo, o Tampinha (PSD). “Estamos fazendo um teste do satélite, hoje deve ter umas 150 pessoas trabalhando no projeto. Eu acredito que a partir de outubro nós começamos implantar e comercializar”, afirmou, com exclusividade ao Circuito Mato Grosso.

Segundo o assessor especial, o sistema funcionará através de antenas com cerca de um metro de diâmetro, algo entre o tamanho de uma antena de TV a cabo e uma parabólica, que custará cerca de R$ 1 mil. Este aparelho deverá ter embutido um roteador wireless, que emitirá sinal de internet e telefone em um circulo de até 1 km de distância.

Para maximizar o acesso, antenas verticais de até três metros podem ser implantadas ou cabos de fibra ótica. Segundo ele, o custo implantação de internet em regiões remotas diminuirá em até 10 vezes. Mas, ainda está indefinido o valor que será cobrado para que seja feita a instalação por técnicos especializados, valor que deve ser superior ao da antena.  

O satélite brasileiro vai emitir dois tipos de sinais, que é a banda X e banda G, sendo que o primeiro será apenas para a segurança nacional, que fica à cargo do Ministério da Defesa (Exército, Marinha e Aeronáutica), Polícias Federal e Rodoviária Federal. Já o sinal G, é o que deve ser comercializado, mas 10% já estão reservados para os setores da Educação e Saúde.

O Ministério da Educação, assim como o Ministério da Saúde, deverão instalar tais antenas em escolas, Postos de Saúde da Família (PSFs), hospitais e demais unidades de saúde. A instalação ocorrerá sem nenhum custo aos municípios, segundo o assessor especial.

“Vai ser comunicado para todos os municípios que solicitarem, principalmente para essas escolas de zona rurais, distritos afastados, que não tem nenhum sinal. Nestes locais a instalação será gratuita e as demais solicitações serão pagas pela prefeitura ou pelo poder privado”, afirmou.

Ele ressalta que será um grande avanço para o Brasil, já que em alguns lugares a única opção de internet é via rádio. Tampinha destaca que o Sistema de Medição de Tráfego de Última Milha (Simet), elaborado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), mostra a discrepância de acesso à internet no Brasil.

“Para você ter noção, Colniza (1100 km ao norte de Cuiabá) pagou R$ 20 mil apenas para colocar uma antena de internet e paga 15 mil por mês, para ter internet e se conectar com o governo estadual e federal”, disse. Mesmo com o alto custo de instalação do sistema atual, o sinal não chega a algumas comunidades.

Tampinha cita o exemplo da cidade de Santo Antonio do Leverger (32 km de Cuiabá), onde tem sinal de internet e telefone. No entanto, na comunidade que pertence ao território do município, Agrovila das Palmeiras, que fica a 80 km da cidade, o sinal é inexistente. “Nós quase não temos internet nos municípios distantes. Em muitas comunidades ainda não tem. A pessoa precisa andar 60 km para conseguir falar ao telefone ou mandar uma mensagem”, pontuou.

O Governo Federal deve realizar uma licitação para escolher a empresa que deverá explorar o serviço em todo Brasil, sendo que ela poderá redistribuir essas demandas para outras companhias nas Unidades Federativas do Brasil. Através desta empresa, os consumidores deverão adquirir o serviço. Tampinha, entretanto, não disse quando deve ser feito esse certame.

RECONDICIONAMENTO DE COMPUTADORES

Concomitante à expansão da internet banda larga, o Governo Federal está recondicionando computadores e demais equipamentos que estavam parados e os encaminhado para os municípios. Trata-se do projeto Geosac (Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão), no qual os equipamentos serão usados em locais de uso público, como escolas e hospitais.

O MCTIC está oferecendo treinamento em tecnologia para jovens de 17 e 18 anos, para que os mesmos façam os reparados nas máquinas, sob supervisão, ajudando assim na geração de emprego, como argumenta Tampinha, além de oferecer economia a municípios que não tem condições financeiras para adquirir os equipamentos.

“Eu vejo muito lá em Brasília, pega um computador desses, aí o computador 'deu um pau', leva ele embora e traz um novo e aquele fica abandonado. Esses computadores estão sendo recondicionados. Tem muitas prefeituras que tem dificuldade para comprar e já tem vários municípios cadastrados”, afirmou.

O SATÉLITE

Este é o terceiro satélite brasileiro já construído. O primeiro foi concluído em agosto de 1999, mas explodiu no ar, já o segundo também explodiu no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), norte do Estado do Maranhão. Uma ignição antecipada de um dos motores resultou em uma explosão e causou a morte de 21 tecnologistas do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

Este último foi construído na França, com tecnologia francesa e também brasileira e lançado em terreno francês, aqui na América do Sul. O lançamento ocorreu no dia 4 de abril deste ano,  na base de Kourou, na Guiana Francesa e o satélite chegou na posição no dia 13 de abril de 2017, 9 dias após o lançamento.