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02 AGO 2007

Reféns do e-mail






Veículo: UAI
Data: 02/08/2007
Autor: Marcelo Portela
Assunto: Spam

"Alô. Por favor, me dá o sinal de fax." Ouvir essa frase em um telefonema é uma situação cada vez mais rara. Graças à difusão geral do correio eletrônico, recados, cartas, projetos, trabalhos escolares e todo tipo de documento "viajam" digitalmente nos sistemas eletrônicos de comunicação. Hoje, em qualquer cidade, é difícil encontrar quem não tenha pelo menos um endereço para receber e enviar esse tipo de mensagem. As facilidades são inúmeras: desde receber e mandar textos ou imagens a qualquer hora do dia ou da noite até se comunicar com uma pessoa do outro lado do mundo, como se falasse com alguém na sala ao lado.

Mas a dependência desse sistema também pode causar problemas aos usuários. Os mais comuns são os spams, que abarrotam as caixas postais e roubam tempo precioso na leitura de mensagens inúteis. Pesquisa realizada pela Comissão de Trabalho Anti-Spam (CT-Spam), do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que mais de 1 milhão de novas mensagens desse tipo circulam diariamente no país.

Os percalços do correio eletrônico não terminam aí e incluem o risco de contaminação por vírus - que usam as mensagens como porta de entrada nos computadores - e a perda de informações e contatos, já que boa parte dos internautas usa a caixa postal também como arquivo virtual de mensagens e documentos. "Preciso dos e-mails, mas chega muito mais lixo que mensagens importantes. Gasto de duas a três horas por dia só para limpar a caixa postal", reclama a professora Cleusa Mendes, que usa seus dois endereços eletrônicos para atividades escolares e culturais, além de organizar shows e alugar sítios nos fins de semana.

Segundo a Wikipedia - a enciclopédia livre virtual -, e-mail é "um método que permite compor, enviar e receber mensagens por de sistemas eletrônicos de comunicação" e se aplica tanto à internet quanto às intranets. O correio eletrônico é anterior à própria rede e surgiu ainda em 1965, com a comunicação entre usuários de mainframes (computadores de grande porte que processam grande volume de informações e permitem a conexão de milhares de terminais). A comunicação ainda era rudimentar - somente no ano seguinte surgiram os primeiros e-mails em rede -, mas evoluiu rapidamente e o sistema foi fundamental para a própria criação e desenvolvimento da internet.

Comunicação

Do já longínquo 1965 até agora, os endereços eletrônicos proliferaram. A partir da década de 90, quando o acesso à internet se alastrou entre os donos de PCs, os e-mails passaram a tomar o lugar de várias formas de comunicação. Assim como o fax, é cada dia mais difícil ver alguém pregar um recado na mesa de um colega de trabalho, escrever uma carta ou mesmo ligar para várias pessoas para marcar um evento. Dá para imaginar, por exemplo, uma empresa em que determinado gerente comande 20 profissionais que trabalham na rua e precise marcar uma reunião com a equipe. Seriam pelo menos 20 ligações, caso conseguisse falar com todos os subordinados na primeira tentativa.

Em vez disso, uns poucos toques no teclado e cliques do mouse são suficientes para que todos os profissionais sejam convocados de uma só vez, sem a necessidade de gastar horas. Uma atividade que poderia consumir muito tempo no telefone, por exemplo, é executada em questão de minutos ou mesmo de segundos.

"É tão rápido e fácil mandar um e-mail para qualquer parte do mundo quanto para seu colega da sala ao lado. Você pode enviar um e-mail sempre que tiver vontade e ele estará ao alcance do destinatário sempre que ele quiser lê-lo", ressalta o professor Antônio Mendes da Silva Filho. Mas quando os usuários se tornam dependentes da tecnologia, o que era uma solução pode virar um empecilho ou mesmo a causa de um problema sério, caso a mensagem se perca na miríade de dados, endereços, bloqueadores de spam mal configurados e uma série de outros percalços no trajeto, ou simplesmente não seja lida a tempo pelo destinatário. Alguns cuidados básicos, porém, podem garantir que uma ferramenta de comunicação extremamente útil e prática não se transforme em fonte de prejuízo.