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04 AGO 2017

Pesquisa mostra que 51% dos alunos já usaram celular para estudar


O Globo - 03/08/2017 - [gif]


Autor: Paula Ferreira
Assunto: TIC Educação 2016

TIC Educação, realizada anualmente, entrevistou pessoas em 1.106 escolas do país

RIO- Mais de 50% dos alunos já utilizaram o celular para atividades escolares. O dado foi revelado por um estudo feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que apurou o uso de tecnologias na educação brasileira. A pesquisa TIC Educação foi divulgada nesta quinta-feira e entrevistou alunos, professores, coordenadores e diretores de 1.106 escolas de todo país.

Os dados da TIC Educação mostram que nas escolas públicas 51% dos alunos afirmaram ter utilizado dispositivos conectados à internet para realizar atividades escolares. No caso das escolas particulares, o índice foi de 60%. A pesquisa, que é realizada anualmente, desde 2010, questionou pela primeira vez os estudantes sobre o uso do smartphone para os estudos.

O emprego de dispositivos móveis para os estudos é maior entre os alunos do 2º ano do Ensino Médio, etapa na qual 74% dos alunos já usaram celular para estudar, seguidos dos estudantes do 8º e 9º ano do ensino fundamental (59%) e, depois, os do 4º e 5º ano do fundamental (27%).

- A proporção de alunos que usa seu próprio celular para os estudos é próxima nas redes particular e pública, mesmo que tenhamos diferenças enormes entre qualidade da infraestrutura em cada uma dessas escolas- afirma Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, afirmando que o dado mostra uma característica da nova geração.

Apesar de utilizarem o celular para atividades escolares, dificilmente esses estudantes conseguem usar a conexão wi-fi da instituição onde estudam. Segundo o relatório, 61% das escolas não disponibilizam a senha da rede para os alunos. No caso da escolas públicas, ainda que forneçam a senha aos estudantes, boa parte das escolas não viabilizam uma internet capaz de suportar a demanda. Segundo a pesquisa, 27% das instituições públicas ainda têm internet de 1 a 2 megas de velocidade, o que seria insuficiente para fornecer acesso a todos.

Além da má qualidade das conexões disponíveis, há ainda uma questão mais complexa. Questiona-se se os jovens brasileiros saberiam administrar corretamente o livre acesso à rede sem que isso prejudicasse seu desempenho escolar.

Para Barbosa, mais do que disponibilizar as tecnologias, as escolas precisam desenvolver planos pedagógicos que ensinem os alunos a fazerem um uso sustentável das redes:

- Se a escola tiver infraestrutura, ela também precisa estar preparada culturalmente para que o uso da internet faça parte da rotina. É uma questão cultural e da política de cada instituição. Temos um grande desafio de capacitar professores, fazer integração das tecnologias no currículo. Passa por um trabalho de repensar as escolas.

USO DOS LABORATÓRIOS

A evolução das tecnologias e a popularização de dispositivos portáteis a cada dia tira dos laboratórios de informática um papel de protagonismo. A pesquisa mostra uma ligeira queda no uso do laboratório como fonte de acesso à internet. Nas escolas públicas, o índice passou de 76% do total de escolas, em 2015, para 73% em 2016. Nas instituições privadas a queda foi maior, passando de 55% a 45%.

O gerente do Ctic.br afirma que é necessário que as equipes escolares deem usos mais eficazes para o espaço.

- O papel do laboratório enquanto espaço para formar o aluno no que diz respeito ao uso instrumental da internet é inócuo. Os estudantes já chegam na escola com muitas habilidades. Os laboratórios podem ter função complementar, podem se transformar em um espaço de produção de conteúdo e colaboração - diz Barbosa.