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06 OUT 2017

Nove em cada dez crianças e jovens acessam a internet por smartphones


A Tribuna - 05/10/2017 - [gif]


Autor: Carolina Iglesias
Assunto: TIC Kids Online Brasil 2016

Resultado da 5ª edição da pesquisa TIC Kids On-line foi apresentado nesta quinta-feira

Nove em cada dez crianças e adolescentes brasileiros com acesso à internet se conectam à rede por meio de smartphones, aponta a pesquisa TIC Kids On-line, divulgada nesta quinta-feira (5) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

Em sua 5ª edição, a pesquisa entrevistou 2.999 crianças e adolescentes, bem como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional, entre novembro de 2016 e junho de 2017.

Conforme o levantamento, 24,3 milhões de brasileiros com idades entre 9 e 17 anos, têm acesso à internet. Os resultados, porém, apontam a existência de disparidades regionais e socioeconômicas no acesso à rede. Isso porque, enquanto em áreas urbanas 83% das crianças estavam conectadas, nas áreas rurais essa proporção foi de 65%. Na região Sudeste, 91% dos jovens (10,1 milhões) declararam ser usuários de internet. Já na região Norte, apenas 69% (2,1 milhões) estão conectados.

Outro fator determinante é a situação socioeconômica: 98% das crianças e adolescentes das classes A e B acessam a internet, enquanto nas classes D e E, o acesso foi reportado por apenas 66% dos entrevistados. 

Dispositivos 

O uso de equipamentos móveis para acessar a internet continua expressivo entre crianças e adolescentes. Porém, o levantamento apontou que, hoje, 37% dos usuários têm smartphones como único dispositivo de acesso à internet. Outros 54% dos entrevistados afirmaram que usam celular e computador (de mesa, laptops e tablets) para acessar a rede e 7%, apenas computadores.

“Há uma tendência não só no Brasil, como em todo mundo, do decréscimo de computadores de mesa nos domicílios. Esses dados confirmam o crescimento destes aparelhos no mercado, com penetração em todas as classes”, afirmou o coordenador de projetos e pesquisas do Cetic.br, Fábio Senne, que destacou que, em 2012, o celular era preferência para uso de 64% dos entrevistados, enquanto hoje é o dispositivo de acesso de 91% dos usuários.

De acordo com o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, apesar de ser indicador importante, chama a atenção porque seu uso exclusivo está diretamente relacionado às classes menos favorecidas.

“O celular tem se tornado o equipamento mais difundido ou única opção de acesso para uma importante parcela da população. Porém, isso acaba criando uma limitação para que o indivíduo possa desenvolver outras habilidades, que não só a da comunicação, como troca de e-mails e acesso a redes sociais”, ressalta. 

Segurança

Desde sua última edição, a TIC Kids passou a incorporar questões sobre intolerância e discurso de ódio na rede. De acordo com o estudo, 41% dos pesquisados declararam ter visto alguém ser discriminado na internet no último ano. Assim como no levantamento anterior, o contato com casos de discriminação continua sendo maior entre os usuários de 15 a 17 anos: a proporção chega a 53%. No caso das crianças de 9 a 10, o percentual é de 15%.

Entre os motivos identificados para a discriminação, 24% dos pesquisados citaram preconceito por cor ou raça; 16% pela aparência física e 13% por relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.

Uma parcela menor dos jovens usuários (7%) declarou ter sofrido algum tipo de discriminação na internet no último ano. “Quanto maior a experiência de uso, maior é o acesso a conteúdo de risco”, destaca Senne.

Segundo o coordenador de projetos e pesquisas do Cetic.br, a exposição a riscos na internet também precisa ser tratada no âmbito educacional. “Uma parcela pequena das escolas discute sobre o uso seguro da internet em sala de aula. Em comparação com outros países, o uso da internet na escola no País ainda é limitado. Somente cerca de 30% das crianças declaram usar internet na escola, enquanto no Chile, por exemplo, temos 66% reportando esse uso. A escola tem um papel fundamental para a disseminação deste uso seguro”, destaca.

Já Barbosa faz uma ressalva à consolidação da cultura digital no ambiente escolar. “Existe hoje uma grande maioria das escolas que ainda impede o uso das redes wi-fi por alunos. O acesso está restrito à gestão escolar. Isso mostra que a escola ainda precisa dar alguns passos para consolidar a cultura digital. Os alunos já têm essa cultura inserida na vida cotidiana, porém, quando chegam na escola, ela não está presente. Esse é um dos aspectos que precisam ser discutidos”.