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22 AGO 2006

Crimes no Orkut






Arquivo do Clipping 2006

Veículo: Jornal da Globo
Data: 22/08/2006
Assunto: Segurança

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O Ministério Público Federal em São Paulo trava uma batalha contra uma gigante da Internet. Quer que o Google responda pelos crimes cometidos no maior site de relacionamentos, o Orkut.

Está na ponta dos dedos de todo internauta o endereço do mais poderoso site de busca da Internet:. E uma boa parte destes navegadores usa também um outro serviço da mesma empresa: o Orkut, um site de relacionamentos em que a maior parte dos freqüentadores é de brasileiros.

O site onde muitos amigos se reencontraram, também é espaço para criminoso. Comunidades racistas, comércio de drogas e pedofilia não são incomuns. "São 40 mil imagens de crianças e adolescentes sendo vítimas ali de crimes sexuais, fotografias e aliciamento nas páginas do Orkut", diz o procurador Sérgio Suiama.

O Ministério Público de São Paulo decidiu ir à caça dos criminosos. Está pedindo na Justiça que o escritório do Google aqui no Brasil quebre o sigilo das comunidades e forneça também o perfil dos usuários que praticam crimes no site de relacionamentos.

A ação pede uma indenização de R$ 130 milhões por danos morais coletivos, e ameaça fechar a filial brasileira. "Nós achamos que não é possível você ter um provedor hoje instalado no Brasil, uma filial de um provedor americano instalada no Brasil, que simplesmente se recusa a cumprir a legislação brasileira e a fornecer esses dados", disse o procurador.

O advogado da Google Brasil explica que a empresa funciona apenas como escritório de venda de anúncios e não tem nenhuma relação com o site Orkut, sediado nos Estados Unidos.

"A Google Inc. constituiu procuradores no Brasil para receber intimações de pedidos de colaboração judiciária pra prestar tais informações. Mas o Minstério Público recusa-se a se relacionar com a Google Inc. e insiste em obter as informações da Google Brasil", disse o advogado Durval de Noronha Júnior.

O desentendimento tem dificultado a identificação dos criminosos. O caminho é novo, e o crime virtual não tem nação nem fronteiras.

Só a cooperação entre os países poderia facilitar a solução. "Se juntarmos o horário em que esse sujeito entrou no Orkut com quem estava nesse provedor de banda larga no mesmo horário no Brasil, nós podemos eventualmente rastrear até a origem do acesso, que é a casa de alguém ou uma instituição, uma empresa, o que for", explica o especialista em Internet Demi Getschko.

Uma ONG que recebe denúncias de crimes cibernéticos diz que a rede é espelho da sociedade. "Não esqueçam nunca que a Internet é um espaço de socialização. Muito antes de ser uma rede de computadores, ela é uma rede de pessoas interconectadas por máquinas, e onde existe sociedade vai existir crime. A questão é como cada sociedade responde ao fenômeno criminológico, como cada sociedade previne e reprime o crime e as condutas ilícitas", diz Thiago Tavares, da Net Brasil.