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12 JUL 2008

Casa de ferreiro e teriane.linda.sem.noção






O Tempo - 12/07/2008 - [ gif ]
Autor: Israel do Vale
Assunto: Antispam.br

Quem vive na internet sabe bem quando desconfiar de uma mensagem e descartar a dita cuja logo de cara, pra não dar mole a vírus e códigos maliciosos.

O Brasil costuma ocupar lugar de destaque no pódio das vítimas mundiais do bombardeio de mensagens indesejadas [ou, pra ser menos fatalista, não-aguardadas] enviadas pela internet. Nem por isso há passeatas nas ruas ou discursos inflamados no Congresso Nacional.

E não sou eu que vou fazer a defesa desta idéia. Sou contra ferramentas como o antispam, este paredão virtual em que uma mensagem enviada por qualquer ser humano que não tenha sido previamente autorizado a passar por ali simplesmente bate e volta.

O antispam é uma espécie de cerca elétrica no mundo são [OU CÃO?]do descontrole remoto. Um termômetro da insegurança e dos temores do cidadão virtual na selva digital.

Instalei um deles no meu computador logo que os primeiros começaram a circular. E cancelei um dia depois. Acho insuportável, no assoberbamento geral, você bater na porta de alguém e ser recebido com um "quem é?" deselegante como este, que o força a gastar mais tempo do que o receptor levaria se apenas deletasse a mensagem.

Além disso, há sempre o risco de se cair na armadilha de crer que aquela mensagem importante enviada às pressas chegará às mãos de quem precisa e só perceber depois [às vezes tarde demais] que ela não cumpriu seu destino.

Confesso que, na segunda tentativa de escrever a um ser humano que me recebe de portas fechadas, sempre penso duas vezes se sigo adiante. E quando não é algo realmente relevante, minha tendência é a de deixar pra lá.

O antispam é um conforto para desavisados e desatentos, sem dúvida nenhuma. Mas quem vive na internet sabe bem quando desconfiar de uma mensagem e descartar a dita cuja logo de cara, para não dar mole a vírus e códigos maliciosos - capazes de revirar seu computador atrás de senhas ou de apropriar-se do seu mailing pra se fazer passar por você e sair passeando pela vida da sua rede pessoal de relacionamento.

Há mensagens clássicas já, no universo das arapucas: as que simulam comunicados de bancos para recadastramento ou atualização de dados [senha inclusa, plis...], as que me avisam que o crédito que eu tanto esperava [embora não tenha pedido...] foi pré-aprovado, as que oferecem piadas animadas ou vídeos de celebridades em situações indiscretas e/ou sensuais, as que entregam um flagrante seu ou aquela cena inesquecível vivida com os amigos nos balacobacos do final de semana anterior, as que prometem desvelar amores reprimidos por você.

Em vez de alimentar paranóias, prefiro me divertir com os escorregões de certos falsários - que denunciam sinais de indigência mental suficientes para nos lembrar que esperteza e inteligência são gêmeas bivitelinas e não andam necessariamente juntas.

É comum notar, nos imeious infectados, um esforço considerável por se fazer parecer confiável. E o que mais me chama atenção é, no caso, das mensagens corporativas, a fixação pelo rodapé com o sinalzinho de "marca registrada" ou a inscrição "direitos reservados" - como se isso fosse, por si, sinal incontestável de solidez, credibilidade ou seriedade.

Adoro, por exemplo, receber um comunicado escrito e emoldurado em arroubos de design, cheio de floreios gráficos e com o português mais descabido do mundo - concordâncias erradas, grafias escabrosas, palavras metidas a besta aplicadas de maneira equivocada e coisas assim.
Mas o melhor de tudo é notar o incrível "poder de persuasão" dos espertinhos. Uma das mensagens mais nonsenses dentre as que viremexe batem na minha caixa postal promete fotos de motel [comigo junto, claro] enviadas pela própria parceira - o que denuncia que eu realmente bebi mais que o recomendado naquela noite, já que não me lembrava sequer de ter tomado umas com alguém com aquele nome.

Isso quando não são enviadas por uma dessas beldades apaixonadas [e inesquecíveis!], cujo nomezinho aboletado antes da arroba é, modestamente, teriane.linda - uma das freqüentadoras assíduas dos meus endereços de imeiou.

Mas nem todo spam é malicioso [nos dois sentidos...], embora o objetivo seja sempre o de seduzir pela curiosidade. A quem tem curiosidade sobre o assunto, o Núcleo de Informação e Coordenação do Comitê Gestor da Internet no Brasil ajuda a desvendar o universo da invasão de privacidade eletrônica [http://www.antispam.br/tipos/]. E a se precaver.

Uma das coisas que chamam atenção nos dados listados no site é o ranking das empresas [legalizadas e existentes de fato] mais notificadas pela prática do imeiou indesejado: as companhias do setor de telecomunicações imperam no top 15 do spam.br. Sinal de que, em casa de ferreiro, o espeto continua sendo de [CARA DE]pau.